Esta semana destacamos a maior e mais afamada celebração da cidade de Tomar, a Festa dos Tabuleiros. Realiza-se a cada quatro anos, no início do mês de Julho, embora as comemorações encetem no Domingo de Páscoa, com a saída das Coroas e dos Pendões, símbolos de todas as freguesias do concelho de Tomar. a sua origem remonta-nos para o culto do Espírito Santo, fortemente associado à Rainha Santa Isabel (prática, aliás, templária, apropriada para a cidade de Tomar), mulher de D. Dinis, que fundou irmandades deste culto de natureza pentecostal. O Pentecostes invoca a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, imagem amplamente reproduzida nesta provecta tradição portuguesa, com claros adornos alegóricos à luz da Santíssima Trindade: a pomba, a coroa, os pães, espigas e flores de papel (sobretudo papoilas). Existe uma bela e perfeita harmonia entre o labor agrícola e a devoção espiritual.

As Festas dos Tabuleiros apresentam um rico e corado mosaico popular, com procissões, cortejos, exposições, jogos típicos e gastronomia, distribuído desde Abril a Julho, com um interregno de preparação no mês de Maio. O Grande Cortejo de Domingo convive placidamente com os seus irmãos festivos, como o Cortejo dos Rapazes, dedicado ao apego dos mais jovens às ruas raízes e o Cortejo Mordomo, designado nas costas do tempo como Cortejo dos Bois do Espírito Santo. No passado, sacrificavam-se estes animais, regalando-se posteriormente a carne pelo povo, prática esta interrompida em 1966, quando os bois do Espírito Santo passaram a desempenhar um papel puramente simbólico e memorial.

A gratidão é a memória dos justos. A cada passo do Grande Cortejo, uma toalha de brocado deita-se sobre as janelas tomarenses. Lá vai o Cortejo com a velhice dos séculos mas com o vigor do agora, com fogueteiros de branco e vermelho, gaiteiros e bandas. Segue-se o Pendão do Espírito Santo pelas mãos do Presidente da Câmara, os convidados de honra com as três coroas e os Pendões e Coroas de todas as freguesias, transportados por pares. Vejam! Rapazes de camisa branca, calças escuras, barrete ao ombro e gravata, raparigas trajadas de branco com uma fita colorida a cruzar o peito!

Já vai longa a tradição, o sabor da Pêza (pão e carne) distribuída entre os tomarenses agrada o orgulho e a melancolia infantil.

Até 2019! Portugal aguarda-te.

“Tomar! Outrora foste escolhida Pela Ordem dos Templários Tomar! E aqui ganhaste vida Com o Nabão de encantar”

Poema a Tomar, José Matos

Francisco Paixão

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Raízes de Cortiça – Episódio 1 – Cavalhadas de Vildemoinhos (Viseu)