14 mil. 14 mil refugiados, é a pontuação na tabela de Miguel Duarte, a meta de desempenho atingida para se tornar no Gandhi lusitano. 14 mil refugiados apanhados na costa da Líbia para serem rebocados directamente até Itália, a 1400 km de distância, ao arrepio da lei internacional que obriga que os refugiados recolhidos em mar alto sejam levados ao local mais próximo. 14 mil refugiados recolhidos na costa de Itália, em botes rebocados por navios de pesca, em contacto permanente com as ONG que infestam o mediterrâneo. 14 mil refugiados que foram uma mercadoria neste mercado de almas e de corpos que enche os bolsos da máfia libanesa e tunisina, 14 mil refugiados em botes onde se diferenciam os árabes e os bereberes dos negros, que vão no porão mais porão da história dos porões.
Mas para a comunicação social portuguesa não existem margens para dúvidas. Estamos perante um caso óbvio de um santinho de Azambuja perseguido pelo governo da extrema direita italiana. O que interessam os laços já analisados, reportados e estudados que ligam as ONG às organizações criminosas que vivem do tráfico humano? O que interessam as prisões já efectuadas, os negócios já revelados? O que interessa o testemunho das vítimas que se viram envolvidas nesses périplos de violações e brutalidades que são os botes dos refugiados? E os testemunhos das populações que têm de ver as suas casas, as suas quintas, as suas comunidades, da costa da Turquia à Tunísia, da Grécia à Itália, ocupadas por criminosos que fazem delas as suas bases para lançar ao mar milhares de pessoas por mês?
É que o jovem Miguel Duarte, lá da sua Azambuja, não teve de lidar com os efeitos da imigração descontrolada. Como a maioria da esquerda caviar que o defende, o Miguel Duarte nunca terá de viver com as consequências das suas acções, com a sua distopia degenerada. Não, para estes estão reservados outros voos, desde um lugar na Assembleia a uma medalhinha do Marcelo.
Lembrem-se dos 14 mil. 14 mil para inchar o ego suicida da esquerda, 14 mil para juntar à tropa de choque do capitalismo, mais mão de obra para baixar os salários, mais gente desenraizada para ajudar a alienar os nativos, mais “no go zones” nas cidades europeias, mais conflitos sociais, mais escolas inseguras. 14 mil para que alguns poucos, que vivem em condomínios fechados, se possam sentir bem com a sua alminha de gente boa.
Enquanto isso as elites do Ocidente escravizam as economias dos países do Norte de África, apoderam-se das suas riquezas naturais e apoderam-se das suas instituições financeiras e políticas.
Agradecemos a Miguel Duarte pelos seus 14 mil lançados à costa italiana, em nome de um humanitarismo muito especial. Um humanitarismo disfarçado de neocolonialismo, exploração capitalista e tráfico humano.
Estes são os novos negreiros. No extremo do tráfico de seres humanos no Norte de África estão as ONG, prontas a receber as milhares de remessas de” refugiados” instrumentalizados pelos grandes poderes do Ocidente, a coberto de uma acção de branqueamento encetada pelos grandes media. Não podemos esquecer que esta nova vaga de refugiados constitui a reserva de combate do capitalismo mais selvagem, mais desumano, mais inimigo das identidades. Um manancial inesgotável de mão de obra desesperada.
Não queremos aqui escravos nem negreiros. Miguel Duarte não é um herói, é um peão no jogo diabólico dos magnatas que criaram a Primavera Árabe.