Fernão de Magalhães nasceu no norte de Portugal, por volta de 1480, filho de Rui de Magalhães, cavaleiro que exerceu cargos de governação na cidade do Porto, e de sua mulher Alda de Mesquita.
Fernão de Magalhães teria cerca de dez anos quando se tornou pajem na Corte da Rainha D. Leonor de Avis, esposa do Rei D. João II, por lá permanecendo durante treze anos.
Em março de 1505, com 25 anos, Magalhães alistar-se-ia na Armada de 22 navios liderada por D. Francisco de Almeida, nomeado pelo Monarca D. Manuel I para o recém-criado cargo de Vice-rei da Índia.
Fernão de Magalhães permaneceria no Estado Português da Índia por oito anos, ao longo dos quais participou em diversas batalhas, sendo inclusive ferido na Batalha de Cananor, em 1506, travada entre a frota indiana do Samorim e uma frota portuguesa liderada por Lourenço de Almeida, filho do Vice-rei Francisco de Almeida, que terminaria com a vitória portuguesa. Três anos depois, em 1509, participaria também na decisiva Batalha de Diu, onde os portugueses, liderados por D. Francisco de Almeida, derrotariam as forças coligadas dos mamelucos e dos Sultanatos de Guzarate e de Calecute, apoiadas pela República de Veneza, que se encontravam em muito maior número, estabelecendo Portugal como a principal potência militar e comercial do Oceano Índico.
Nesse mesmo ano, partiria com Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a Malaca, onde seria vítima de uma conspiração. Magalhães teve um papel crucial, avisando Lopes de Sequeira, o que lhe valeria muitas honras e uma promoção.
Já sob o comando do novo Governador, Afonso de Albuquerque, Fernão de Magalhães terá participado na conquista de Goa, em 1510. Participaria também na conquista definitiva de Malaca, em 1511.
Em 1513, Magalhães regressaria a Lisboa, participando na expedição liderada por D. Jaime, Duque de Bragança que tomaria a praça de Azamor, no norte de África. Ferido numa perna, seria designado quadrilheiro-mor, estando encarregue de distribuir os despojos da batalha. No desempenho desta função, acabaria por ser acusado de comerciar ilegalmente com os mouros. Não é certo se os rumores correspondem à verdade, mas afetariam a vida de Fernão de Magalhães, que veria duas petições para progredir na carreira e ter a sua tença aumentada serem recusadas pelo Rei, entre 1514 e 1516.
Desiludido, Fernão de Magalhães partiria para Sevilha, em 1517, propondo ao Rei de Castela a possibilidade de atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas, provando que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano.
Os argumentos de Magalhães, sustentados por um conjunto de informações fornecidas por Francisco Serrão, pelos cosmógrafos Rui e Francisco Faleiro e pelos cartógrafos Pedro e Jorge Reinel, convenceram o rei Carlos I.
A 20 de setembro de 1519, há exatos 502 anos, cinco navios, tripulados por cerca de 250 homens (cerca de 40 portugueses), partiam de Sanlúcar de Barrameda, na foz do Guadalquivir. A frota fez escala nas Canárias e chegou à costa da América do Sul, alcançando o Rio de Janeiro a 13 de dezembro. Após meses de instabilidade e alguns motins contidos, Magalhães atravessou o estreito que hoje carrega o seu nome, entre outubro e novembro de 1520, alcançando o Oceano Pacífico, assim batizado pelo contraste com as dificuldades encontradas no estreito.
Em março de 1521, após meses em que grande parte da população havia padecido por doença, a frota alcançaria a ilha de Ladrões, no atual arquipélago de Guam, chegando às Filipinas a 7 de abril.
Fernão de Magalhães viria a falecer em combate com os nativos na ilha de Mactão, que não apreciaram a presença dos ocidentais, a 27 de abril de 1521.
O espanhol Juan Sebastián Elcano acabaria por assumir o comando da expedição, conseguindo alcançar as Molucas, onde se abasteceriam de especiarias. A nau “Victoria” retornaria a Sanlúcar de Barrameda no dia 6 de setembro de 1522, sendo o único dos navios que partira a ser capaz de completar a viagem de circum-navegação.
A viagem de Fernão de Magalhães motivou fortes protestos por parte da Coroa portuguesa, que considerou que a expedição teria passado por mares reclamados por Portugal e supostamente interditos à passagem de navios espanhóis, de acordo com o estabelecido no Tratado de Tordesilhas. Ambos os reinos reclamariam a soberania sobre as Molucas, primeiramente descobertas pelo português Francisco Serrão em 1512. A disputa apenas seria concluída em 1529, quando o Rei D. João III pagou 350 000 ducados de ouro à Coroa espanhola, em troca do reconhecimento por esta do direito português à posse das ilhas.
Apesar de ter realizado o seu maior feito ao serviço da Coroa de Castela, Fernão de Magalhães ficaria para a História como o homem que tornou possível a primeira viagem de circum-navegação, provando que o Atlântico e o Pacífico estavam interligados por mar, abrindo caminho à navegação do Oceano Pacífico.

Para quando um grande monumento nacional em honra e glória dos desaparecidos no mar vítimas da tormenta, pirataria e combate, onde marinheiro, soldado, religioso e comerciante deram as suas vidas para expansão do império e da fé católica.