Inquietação“, a nova rubrica semanal de Sandra Santos, jovem escritora, professora e tradutora, todas as Sextas-Feiras no Notícias Viriato, onde os desassossegos e as inquietações da juventude (e não só) são transformadas em escrita e partilhadas livremente com os leitores.


São muitas as manobras de distração.

“Consolida, filho, consolida… / que o trabalhinho é muito lindo, / o teu trabalhinho é muito lindo, / é o mais lindo de todos (…) vais dormir entretido – né, filho? – / ganhar forças, pois claro, ganhar forças para consolidar (…)” (FMI, José Mário Branco)

Quanto mais te informam, mais te embaralham. É a Era da Pós-Verdade. Fazem-te acreditar constantemente em contradições, e, de tão baralhado, já nem sabes sequer qual é o teu rebanho. Ele é SIC, ele é RTP, ele é TVI, ele é todos estes desdobrados em 24h de noticiários. E é o drama, é a tragédia e é o horror. É a covidagem diária debruada em números, em matrizes, em percentagens, em picos ascendentes, descendentes – (omnipresentes?); há quem diga que os media são as grandes meretrizes.

Os tempos são babilónicos, disso não duvidamos.

Os telediários são uma maravilha no que toca ao fadário nacional. Os egrégios avós ficariam impressionados em como Portugal cumpre o seu fado: desbravados uis e ais em tragédias nacionais e internacionais. É tudo intenso, não fosse Portugal astrologicamente regido pelo signo de Peixes. Chalupas há muitas e Chalanas há só um.

Rememos, rememos que a maré cá chegará, para já, ainda vai na Inglaterra; quando estiver pela Alemanha é um tirinho, mais gueto menos gueto, é sempre em frente. Só se houver alguma greve já em França ou alguma neve em Espanha; ainda assim, o portuga faz-se à estrada e com binho berde na mala cá Chega e se Instala.

Qual medo, qual quê? Isto aqui é Portucale, tá masé caladinho, que o Costa feliz consente o que o Marcelo contente diz.

É um contentamento descontente, já dizia Camões.

Isto para se viver em 2021 é preciso, realmente, ter-se muitos… Tostões, tostões. Eles vão dar-te TOSTÕES. Estás contente?

É, são muitas as distrações. Vá, não te atrases. Vai prá fila. Que isto hoje está concorrido. A maré está cheia e nós cheiinhos de sorte. Vá, é a nossa sina. Cada um tem a sua. Cá eu é que não levarei nenhuma!

Para fim de conversa, de Sermões aos Peixes, estamos nós bem servidos, senhores doutores, senhores ministros.

Distraídos? Quem, nós? Nah, nada disso. Quanto mais nos tentam embaralhar, mais compatriotas começam a acordar. Oh sô doutores, Somos Doutores na Arte do Grande Despertar. 

Sandra Santos, jovem poeta e “artivista”, questiona o (seu) mundo a cada dia, sendo outra constantemente. Amante das artes, do humor, das viagens, das paisagens, dos mistérios, da magia do real, continua a deslumbrar-se com o visível e com o invisível.























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