Bombardeamento da coligação liderada pelos EUA na Síria. Outubro de 2014.

Em resposta ao bombardeamento na Síria ordenado por Joe Biden, na passada Quinta-feira, o Secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão, Ali Shamkhani, declarou que a “recente acção dos EUA reforça e expande as actividades do grupo terrorista Daesh (Estado Islâmico) na região”. Segundo o alto funcionário de segurança iraniano, os EUA estão a encorajar o ISIS, ao lançar bombas sobre combatentes paramilitares ao longo da fronteira iraquiana.

Estas alegações de Shamkhani tiveram lugar durante uma visita ao Ministro dos Negócios Estrangeiros iraquiano Fuad Hussein que, em declarações à Reuters, corroborou a ideia: “O ataque às forças de resistência anti-terroristas é o início de uma nova ronda de terrorismo organizado”.

A Administração Biden justificou os bombardeamentos como uma retaliação pelo ataque de rockets, ocorrido a 15 de Fevereiro, contra uma base militar americana no norte do Iraque. Segundo o Pentágono, este ataque teria sido perpetrado por grupos apoiados pelo Irão, como o Kataib Hezbollah, os quais negaram qualquer envolvimento.

As ligações entre os EUA e grupos terroristas como Al-Qaeda e ISIS é um tema que ficou na memória desde o “leak” dos emails de Hilary Clinton pelo Wikileaks. Numa dessas mensagens, a ex-Secretária de Estado deixou bem claro: “A Al-Qaeda está do nosso lado na Síria”. A isto se junta um relatório secreto do Centro de Comando dos EUA no Iraque, o qual revela que a Administração Obama/Clinton ajudou a própria Al-Qaeda e ISIS a estabelecerem-se e a crescer no leste da Síria.

C:\Users\PC\Desktop\hilary al qaeda.jpg

Na passada Quinta-feira, os bombardeamentos sobre a Síria, ordenados por Biden, deram lugar a uma chuva de críticas. Entre as razões de facto apontadas para o ataque dos EUA a este país autónomo e independente está a construção de um oleoduto da Síria ao Mediterrâneo, com vista a enfraquecer as exportações da Rússia à Europa. Acrescente-se também que a Síria tem resistido ao domínio financeiro da banca internacional, motivo pelo qual o seu Banco Central tem sido alvo de contínuas sanções por parte dos EUA, sob as mais diversas justificações. 

The desperate fight for the last oil (and gas) | steigan.no
Proposta do oleoduto Qatar-Síria.

Por fim, um documento do Institute for Advanced Strategic and Political Studies, redigido em 1996 e sob o título “A Clean Break: A New Strategy for Securing the Realm”, revela como os interesses dos EUA passariam por apoiar Israel, fomentando guerras no médio oriente, nomeadamente no Iraque e Síria, como veio a confirmar-se. A isto se junta um email de 2001, do Arquivo Hilary Clinton, que apenas corrobora os factos: “A melhor maneira de ajudar Israel a lidar com a crescente capacidade nuclear do Irão é ajudar o povo da Síria a derrubar o regime de Bashar Assad”.

O Notícias Viriato foi o único órgão de comunicação social português a publicar uma notícia sobre o pendor bélico das escolhas de Biden para a sua Administração, antes mesmo de este tomar posse como Presidente dos EUA.