Aconteceu. A figura possivelmente “mais excêntrica” e mais interseccional da política Portuguesa este ano foi eleita. Não para o Parlamento Europeu como esperava, mas para o Português. Joacine Katar Moreira, nascida na Guiné-Bissau, foi eleita ontem para a Assembleia da República nas eleições legislativas.

A mulher de 37 anos, doutorada em Estudos Africanos pelo ISCTE-IUL, mais conhecida na Europa pelo seu discurso de ” A Europa não é branca” e a “Europa não é do homem branco”, foi eleita para o Parlamento. A feminista radical, interseccional e activista pelos ‘direitos negros’, depois de uma campanha difícil onde gaguejou por mais de 15 segundos, tendo dificuldade em dizer uma única palavra no debate a 15 da RTP, matando precioso tempo de argumentação, consegue mesmo assim ganhar um lugar no Parlamento Português.

O seu próprio gaguejar na realidade deu-lhe alguma visibilidade, os rumores espalharam-se nas redes sociais de que ela talvez estivesse a fingir a mesma para ganhar notoriedade. Apesar de toda a sua campanha ter como objetivo representar a comunidade Africana, com propostas de quotas para estudantes africanos em faculdades ou para funcionários africanos, nacionalidade automática para cada pessoa que nasça no país, a maioria do seu eleitorado é branco, da classe média alta das áreas mais prestigiadas e centrais de Lisboa.

Como pode ver neste mapa, o município de Lisboa, onde a candidata teve mais votos, é o mais central possível, espelhando ‘a esquerda caviar’ que existe à semelhança na Europa. Joacine não foi a única activista negra feminista radical que concorreu ao parlamento, outra figura muito semelhante, a senegalesa Beatriz Dias, desta vez pelo Bloco de Esquerda, que diz que existe uma ‘hegemonia branca‘ no país foi também eleita, por isso este mandato será preenchido com bastantes mulheres negras feministas e intersecionais.

Quanto ao seu discurso de vitória, Joacine disse que “não há lugar para a extrema direita no parlamento” e que o seu partido será “a esquerda anti-fascista e anti-racista”, ironicamente, ao mesmo tempo que o primeiro parlamentar nacionalista também conquistou um lugar na assembleia em mais de 45 anos de democracia, o CHEGA. O seu discurso de vitória também foi acompanhado por muitas das bandeiras de seu partido, a bandeira do seu país de origem, Guiné-Bissau, mas não surpreendentemente, o país que ela diz representar, Portugal (e os Portugueses).

Beirão

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico.

7 de Outubro de 2019