Mação, o concelho com o slogan de ‘Verde Horizonte’ ironicamente é o mais negro e árido nos dias de hoje. Podíamos discutir a tragédia natural e o abandono progressivo do nosso interior nos últimos 50 anos que levou a condições propícias para a formação desta situação, mas hoje iremos analisar a negligência humana que queimou, mais de 70% da sua mancha florestal e veremos como a história se repete em ciclos, visto que as mesmas queixas se repetem dois anos após estes trágicos incêndios.

Para entendermos o que se passou no primeiro grande incêndio de Mação, de 24 de Julho de 2017, temos de primeiro destacar um acontecimento chave que selou o destino do concelho, sete meses depois desta decisão. A substituição forçada do comandante da proteção civil, José Manuel Moura pelo novo comandante Rui Esteves por alegada falta de ‘formações académicas’ do antigo comandante (de acordo com fontes locais).

Durante este incêndio, com origem na Sertã e que se espalhou rapidamente para os concelhos vizinhos, a falta de organização foi evidente para as populações locais, mas mais flagrante ainda foi a falta de meios – “Bombeiros nem vê-los”, era a frase que mais se ouvia de quem foi obrigado a permanecer nas suas aldeias de forma a defender a sua propriedade.

(Vídeo inteiro)

Essas suspeitas foram depois lançadas novamente pelo autarca de Mação, Vasco Estrela. O autarca recebeu a “fita do tempo” deste incêndio, encaminhada pelo Ministério da Administração Interna, a qual é clara ao dizer que o Grupo de Reforço para Incêndios Florestais (GRIF) vindo de Aveiro foi retirado do teatro de operações por ordem do Comandante Rui Esteves, eram 07:50, de dia 24 de julho. A retirada de meios aconteceu numa altura em que as chamas já levavam cerca de 20 horas e ao início de um dia que a seguir foi devastador para o concelho de Mação. Os meios foram desviados para Relva da Louça, em Proença-a-Nova, onde o agora ex-comandante da Protecção Civil tem ligações familiares e de proximidade.

O relatório da Protecção civil em si, também claramente forjado, omitia estes elementos da fita do tempo – “um relatório parcial, claramente encomendado por alguém da Protecção Civil, no fundo para cumprirem calendário e para me entreterem” assim descreve Vasco Estrela.

Mais tarde, Rui Esteves vir-se-ia a demitir, não pela total negligência ao lidar com o incêndio de Mação e tantos outros Mações por Portugal fora, mas ironicamente, pelo facto de existirem várias irregularidades com a sua formação académica, deixando a pergunta no ar do quão terrível fora esta gestão da Protecção Civil e quantas casas e vidas que se perderam à conta de esta total incompetência ao comando de “boys” do Partido Socialista.

E agora o leitor pergunta-se, qual a ligação deste comandante da Protecção Civil ao Partido Socialista? Depois deste muito competente comandante da Protecção Civil ter-se demitido, pelas irregularidades na sua licenciatura, foi depois contratado pelo Socialista Joaquim Morão, que presidiu à Câmara de Castelo Branco para serviços de “assessoria técnica” na área da Protecção Civil municipal na Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB), da qual o antigo autarca é secretário executivo, pelo valor de 35 mil euros, na “área da protecção civil e defesa da floresta contra incêndios”, durante um ano.

Poderia continuar com exemplos de como a Protecção Civil além de extremamente ineficiente, está completamente corrompida por familiares e amigos de quem nos lidera, o governo mudou metade do comando da Protecção Civil em Abril de 2017 (três deles com ligações directas ao Partido Socialista), antes das primeiras grande tragédias terem assolado o nosso país e levado mais de 60 vidas na região Centro, o facto de Mourato Nunes, Presidente da Proteção Civil ter contratado para a instituição duas juristas que o acompanham desde a GNR em que não havia vagas no quadro, ou até mais recentemente a Protecção Civil ter pago combustível para participar numa novela da SIC. A descredibilização desta instituição e completo nepotismo dentro da mesma não tem limites.

Novamente Mação, Vila de Rei e a Sertã estão em chamas, e novamente os autarcas da repetem as queixas de falta de meios na região durante os picos dos incêndios. Das duas uma, ou existe um imenso azar e jamais estes incêndios serão controláveis, ou então esta Protecção Civil que não passa de um espantalho para dar trabalhos a pessoal do Partido Socialista não aprendeu com os erros.

Mação antes e depois do Incêndio de Julho de 2017

Beirão

22 de Julho de 2019