Sou mais Português do que penso, concluo após uma semana na terra-mãe, num tom que provavelmente ressoa Fernando Pessoa. Não é de admirar. Em Pessoa, ortónimo, há um pouco de todos os Portugueses. Quase como em José Castelo Branco.

Pronto, a tirada política está cumprida. Posso, agora, prosseguir com a poesia e adicionar um pouco de pedagogia aka psicologia, duas disciplinas que, hoje em dia, dada a avassaladora razia nas ciências sociais e humanas, se chamariam somente de coaching.

A propósito, ao fim duma dúzia de anos, voltei à FCSH. Para meu espanto, vi um par de gajas jeitosas. Acho que eram gajas, embora me tenha faltado a oportunidade de o verificar ou de as ver entrar ou sair da (outrora, respetiva) casa de banho. Tal prova já não vale, tornou-se prática tão obsoleta quanto segurar a porta do elevador para as pessoas que pensamos serem senhoras.

Voltei a cair na armadilha política. Permitam-me, no entanto, mais uma missiva. Dada a quantidade de aventesmas na FCSH, qual a cor política mais popular (uso o adjetivo a jeito) por estas bandas? O Bloco, o PAN ou o Livre? Certamente, não será o PC. Pelo menos, no dia da minha revisita, vésperas do Avante, quando a malta trabalha a terra em nome da militância e em prol da solidariedade isenta de impostos.

Chega (outro vocábulo não usado ao acaso) de política. Nem me vou alongar com o fato da fauna da FCSH se assemelhar mais à da FNAC, do que, pese a proximidade, à clientela da livraria do El Corte Inglés. Portugal, conforme eu queria dizer desde o começo, é-me, mais do que qualquer outra coisa, um medidor de mood. Ao proporcionar-me o confronto entre quem fui e quem sou, expõe-me a um espelho de duas faces, a de antes e a do depois. Espelho esse que me acompanha, qual fantasmagórica sombra, enquanto acaricio o gato gordo cada vez mais gordo, atravesso o rio que corre pelo meu subúrbio e dou graças ao Senhor por viver distante dos santos, cristos e bostas deste país.

Sou mais Português do que penso, reforço. Apoiado na convicção de, ao diariamente me descobrir, naturalmente me desconhecer. Tenho um enorme trabalho pendente no meu quarto. A polis, paciência, que espere. A pátria tornou-se-me um psiquiatra. Como todos os mui nobres doutores, também estes precisam de apoio, senão mesmo de terapia. Urgente, no lusitano caso.  

Vítor Vicente