Os atentados do dia 11 de Setembro de 2001 mudaram o Mundo. Não os atentados em si mas o modo como os Governos, começando pelo Norte-Americano, reagiram aos mesmos.

De um dia para o outro, os cidadãos passaram a ser vistos como terroristas, até prova em contrário. Isto aconteceu especialmente, mas não exclusivamente, nos aeroportos. Edward Snowden denunciou o PRISM, um programa de vigilância através do qual a National Security Agency (NSA), com a colaboração das maiores empresas de tecnologia (Apple, Facebook, Google, Microsoft, etc), recolhe todo o tipo de dados dos cidadãos como forma preventiva: caso venham a ser criminosos aquela informação será útil. Este programa permite ter acesso a tudo o que o telefone de alguém capte à sua volta e também à câmara do mesmo, ainda que não esteja a ser utilizado nesse momento.

O medo, provocado pelos atentados terroristas, fez com que os cidadãos estivessem dispostos a abdicar da sua liberdade e privacidade de modo a que todos os meios pudessem ser usados pelos Governos para descobrir os terroristas e impedir qualquer outro atentado.

O problema é resumido pelo velho adágio: os fins não justificam os meios. Além do mais, os Governos não abdicaram desses poderes especiais e extraordinários de vigilância aos próprios cidadãos.

Nesse sentido, a “pandemia do Covid-19” vem no seguimento do 11 de Setembro. É detectada uma ameaça global: um “inimigo invisível”. “Estamos numa altura excepcional”, garantiram-nos. “Todos somos responsáveis uns pelos outros”, disseram-nos vezes sem conta.

Depois do 11 de Setembro todos passámos a ser terroristas, até prova em contrário. Com esta “pandemia” todos passámos a estar doentes, até prova em contrário. As pessoas, mais do que nunca, passaram a olhar umas para as outras com desconfiança, gerando uma falta de empatia na sociedade, que é amplificada pelo uso constante de máscaras que cobrem grande parte do rosto.

Com base nestas premissas, as liberdades dos cidadãos foram vilipendiadas: pessoas trancadas em casa, famílias separadas durante meses a fio, direito de deslocação suprimido, proibição de acompanhar doentes e estar presente no enterro de familiares e amigos, serviços de saúde negados a quem mais precisa, pessoas detidas por denunciarem nas redes sociais os abusos de autoridade e a pseudo-ciência que tenta justificar todas estas medidas, etc.

Como se isto não bastasse, os serviços de geolocalização passaram a ser usados, ainda mais, para controlar os movimentos das pessoas e também os seus hábitos, com a cumplicidade dos suspeitos do costume: as empresas de tecnologia.

Uma vez mais, as pessoas com medo, propagado pela comunicação social, abdicam da liberdade (que tanto dizem prezar) e permitem que os seus Governos façam tudo o que for preciso para acabar com a ameaça. Não contentes com isso, travestem-se de agentes de autoridade, exigindo que os outros cidadãos sigam a sua loucura e rapidamente denunciando-nos quando não o fazem. E, uma vez mais, os Governos não vão abdicar desses super-poderes, ainda que a ameaça desapareça.

Esta “pandemia” é o novo 11 de Setembro. Aos abusos de poder que se seguiram a esses atentados somam-se agora os que estão a ser implementados: contra a racionalidade, contra a justiça e contra a liberdade.

João Silveira