O Departamento de Defesa dos EUA alegou, na noite de Quinta-feira, que o General Qassem Soleimani, morto num ataque aéreo americano em Bagdá, Iraque, “foi responsável pela morte de centenas de americanos”.

No dia 4, Sexta-feira de manhã, horário local, os EUA atacaram veículos que transportavam o líder da Força Al-Quds da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC), Qassem Soleimani. Soleimani dirigiu operações militares iranianas no estrangeiro, incluindo terrorismo.

Mais recentemente, pensa-se que dirigiu ataques, com mísseis, que mataram um empreiteiro civil americano no Iraque.

No ano passado, o presidente Donald Trump designou o IRGC como uma organização terrorista.

Como a New Yorker, dificilmente uma publicação pró-Trump ou neoconservadora, relatou num perfil de Solemani de 2013:

“Suleimani assumiu o comando da Força Quds há quinze anos e, nesse tempo, procurou remodelar o Médio Oriente a favor do Irão, ao trabalhar como mediador e como força militar: ao assassinar rivais, ao armar aliados e, durante a maior parte de uma década, ao dirigir uma rede de grupos militantes que mataram centenas de americanos no Iraque.”

O Departamento do Tesouro dos EUA sancionou Suleimani pelo seu papel no apoio ao regime de Assad e por ser cúmplice de terrorismo. E, no entanto, ele permaneceu invisível para o mundo exterior, mesmo quando dirige agentes e dirige operações.

“Suleimani é o operacional mais poderoso do Médio Oriente hoje em dia”, disse John Maguire, um antigo oficial da CIA no Iraque, “e nunca ninguém ouviu falar dele”.

Em 2011, a administração de Obama sancionou Soleimani pelo seu papel na conspiração de um ataque terrorista, que foi evitado, num restaurante de Washington, D.C., com o objectivo de assassinar o embaixador saudita nos Estados Unidos.

Apesar dessa tentativa de ataque, e embora reconhecendo o papel de Soleimani no terrorismo, Obama acreditava que apaziguar o Irão era a melhor abordagem. Depois de Soleimani ter desafiado as sanções internacionais ao viajar para a Rússia em 2015, o secretário de imprensa de Obama, Josh Earnest, disse:

“Mencionou o Sr. Soleimani. Ele, em particular, é alguém que tem estado sujeito a sanções americanas há bastante tempo devido ao esforço que tem feito para apoiar organizações terroristas em todo o mundo. E mais uma vez, não posso confirmar estes relatórios específicos, mas é uma indicação das nossas constantes preocupações com o Irão e o seu comportamento e, na mente do Presidente, torna ainda mais importante que sigamos a melhor estratégia disponível para impedir que o Irão obtenha uma arma nuclear. E é exactamente isso que o presidente acredita que este acordo diplomático [o acordo nuclear com o Irão] é.”

O então vice-presidente Joe Biden disse num discurso pouco depois que, apesar do acordo nuclear iraniano, os EUA continuariam a usar sanções contra o IRGC e Soleimani – mas parariam de chamar ao IRGC uma organização terrorista:

“Continuaremos a resistir às actividades desestabilizadoras do Irão; defender os nossos interesses e os nossos aliados contra a agressão iraniana; falar contra o anti-semitismo, os abusos dos direitos humanos no Irão e exigir a libertação de pessoas detidas ilegalmente; e continuar a sancionar e manter sanções contra quaisquer entidades, incluindo o IRGC e Soleimani e outros – que apoiam e envolvem-se na desestabilização.”

Sob o acordo de Obama com o Irão, as sanções internacionais contra Soleimani teriam expirado após oito anos. O senador Ted Cruz (R-TX) apontou essa fraqueza, ao observar que Soleimani tem mais sangue de membros do serviço americano nas suas mãos do que qualquer terrorista vivo.

Fontes:
https://www.newyorker.com/magazine/2013/09/30/the-shadow-commander
https://www.treasury.gov/press-center/press-releases/pages/tg1320.aspx
https://obamawhitehouse.archives.gov/the-press-office/2015/08/07/press-briefing-press-secretary-josh-earnest-872015
https://www.breitbart.com/national-security/2020/01/02/fact-check-irans-qassem-soleimani-responsible-for-hundreds-of-american-deaths/