O caso do Monstruoso Carl Panzram

Carl Panzram nasceu em 1891, no seio de uma família de ascendência alemã, uma família de camponeses honestos e trabalhadores, donos de uma pequena quinta no Minnesota.

Carl, ao contrário da sua família, nunca foi trabalhador nem honesto. Sempre teve uma queda pela deslealdade e pelo roubo, o que lhe granjeou desde pequeno o desprezo e a violência por parte do resto da sua família. Aos 11 anos, Panzram foi apanhado a roubar e institucionalizado na Minnesota Training School, o reformatório do Estado, onde foi brutalmente sodomizado, torturado e espancado.

O resto da vida de Carl Panzram é um desfile de ódio e violência, de julgamentos e fugas de prisões, de violações e de assassínios. Até ao dia em que finalmente foi condenado à morte.

No final da sua vida, Carl Panzram havia confessado ter morto 21 pessoas, inclusivamente crianças, e de ter violado outras mil 1000, homens, mulheres e crianças.

Quando algumas organizações de direitos humanos moveram esforços para evitar a sua condenação à morte, Panzram agradeceu-lhes dizendo que, se pudesse apertar simultaneamente os pescoços de todas essas pessoas que o queriam ajudar, os esganaria sem pestanejar.

Panzram odiava a Humanidade.

Arrependia-se de duas coisas, contudo. Arrependia-se de ter magoado alguns animais ao longo da sua vida e arrependia-se de não ter conseguido matar toda a gente à face do planeta.

Homens e mulheres como Carl Panzram vão sempre existir. A capacidade de integrar pessoas como Panzram será sempre limitada pela hostilidade destes à vida em sociedade e ao apelo dos homens em vingar os crimes cometidos por este tipo de facínoras.

O Homícidio do Pedófilo Jeffrey Doucet

Gary Plauché, outro cidadão americano, estava em vias de se divorciar da sua mulher, em 1984, quando descobriu que o instrutor de karaté do filho, que era convidado da casa e que tinha sido ajudado várias vezes por Plauché, mantinha há mais de um ano uma relação pedófila com o rapaz. Jeffrey Doucet, o instrutor, chegou a raptar o filho de Plauché e levou-o consigo para a Califórnia, onde abusou sexualmente do menino impunemente até ao momento em que foi apanhado pela polícia.

Durante o julgamento, Doucet admitiu ter violado vários rapazes no seu dojo. No dia do seu julgamento, Plauché aguardava, sob disfarce, a passagem de Doucet a caminho da sala do tribunal. Quando o apanhou a jeito, deu-lhe um tiro na cabeça.

O que podemos aprender dos exemplos de Doucet e Panzram?

Panzram foi um monstro que recusou qualquer tipo de clemência ou misericórdia. O seu único objectivo era ser uma personificação da raiva e do ódio, um semeador de destruição e miséria.

Plauché foi imediatamente detido após ter atirado sobre o homem que violara o seu filho (e que viria a morrer no dia seguinte) e condenado, mais tarde, a pena suspensa. Os tribunais americanos concordaram que aquilo que um pai havia feito para vingar a violência cometida contra o seu filho era justificável e devia ser protegida a vida de um homem que tinha tomado para si a responsabilidade de matar um pedófilo que havia violado outros rapazes, outros filhos de outros pais.

A morte de outro ser humano é sempre um desastre, um golpe psicológico que mancha a comunidade. Mesmo quando ocorre durante uma guerra, por muito que tentemos justificar a morte do Inimigo sob uma capa de guerra justa ou auto-defesa.

Mas há outras ocasiões onde podemos ver o sacrifício do Inimigo a ser apoiado como algo benéfico para a comunidade.

A Esquerda parece acreditar que a morte de outro ser humano é perfeitamente justificável caso esse ser-humano não tenha ainda nascido. A mera perspectiva do ser, para a Esquerda, falha no teste quando comparada com o sentido de oportunidade da progenitora do nascituro. Assim, justificando o homicídio da vinda intra-uterina através de um suposto direito superior, temos a morte legitimada e o sacrifício humano apoiado pelo Estado.

O que nos leva há pergunta que devemos, de facto, fazer, quando falamos sobre a pena de Morte. Já sabemos que, de facto, é possível até ao mais generoso entre nós perceber como pode ser legítimo o acto de tirar a vida a um monstro. A pergunta é: será legítimo dar ao Estado o poder de matar os nossos concidadãos?

Todos os Estados que aprovaram a pena de morte vêem-se a braços com decisões terríveis. Os processos que levam à pena capital são, normalmente, caríssimos, uma vez que se tomam todas as medidas possíveis para não cometer erros, por medo de represálias políticas e pessoais para a vida dos juristas. Ainda assim, cometem-se erros.

Além disso, a sombra da possibilidade da pena de morte tem efeitos estranhos e complexos sobre as sociedades e sobre os indíces de criminalidade violenta, muitas vezes efeitos bastante negativos.

A ideia de que um partido de Direita, supostamente conservador, queira colocar, sem debate prévio e sem informar os seus militantes, tal matéria a voto, lembra-nos as práticas típicas dos regimes que assentam sobre o totalitarismo democrático, regimes que assumem por plebiscito universal quais os grupos sociais a perseguir ou então regimes que usam referendos para definir até quantas semanas de gestação é que se pode começar a matar bebés. A coisa fica pior quando é usado esse tema, tão profundo e tão rico, não como debate mas para legitimar a sede de protagonismo dos líderes desse partido.

Falo, obviamente, deste golpe de comédia protagonizado pelo Chega de André Ventura, golpe esse que demonstrou mais uma vez a todos os portugueses, nacionalistas e conservadores, que o Chega ainda tem de andar muito para se tornar numa alternativa válida à Direita.

Manuel Rezende