Segundo Sua Santidade, uma das pragas que aflige hoje a humanidade é o consumismo: este é um vírus, que provoca febre e que afeta o coração das pessoas. É uma doença não apenas do foro cardiológico mas também uma doença psicológica que gera violência e raiva. O consumismo natalício, ao fomentar a dádiva mútua de presentes, é inimigo da generosidade e torna o Natal menos verdadeiro, entre muitos outros efeitos deletérios dessa pestilência.
O vírus do consumismo também tem vindo a ser investigado por antropólogos, economistas e sociólogos desde há muito. Os seus mecanismos de contágio, a sua sintomatologia e as suas consequências estão bem descritas na literatura científica. Sabe-se, por exemplo, que é o consumismo que traz movimento às lojas, para grande alegria e corrupção moral dos comerciantes. É ele quem paga o salário aos profissionais do marketing & publicidade, que sem ele estariam a exercer profissões bem mais saudáveis, como cavar a terra ou varrer as ruas. É este vírus que suporta indústrias inteiras, desde a automobilística à hoteleira, passando pela do vestuário e a dos brinquedos, cujo uso de materiais não biodegradáveis e energias não alternativas cria uma pegada ecológica gigantesca, de cujo buraco ainda não sabemos se conseguiremos sair. É ele que cria, sustenta e expande o emprego no setor privado, e é ele um dos motores dos aumentos salariais, ambos causas da alienação das massas trabalhadoras e do atraso no eclodir da inevitável revolução socialista. É o consumismo que torna felizes as criancinhas e os pobres de espírito, ao receberem os seus presentes no Natal, bem como os capitalistas & financeiros, ao analisarem os seus balanços e demonstrações de resultados na passagem de ano. É o consumismo que faz com que seja Natal todos os dias do ano, naquele aspeto em que todos os dias do ano podem ser Natal. É o consumismo que faz diminuir a pobreza em Portugal e é o consumismo a causa da diminuição da miséria neste mundo, pondo em causa o estado social. Finalmente, como única rosa nesta mole de espinhos, é o consumismo que continua a alimentar o crescimento da receita tributária—que é o que atrai os corruptos para a política e o que financia os ajustes diretos.
Por isto tudo, o consumismo é, em todos os países, o principal suporte do PIB. Assim, quando o consumismo enfraquece um pouco, governos e autoridades monetárias, fazendo orelhas moucas aos apelos de Sua Santidade, entram em logo em ação, para o revitalizar. Fazem-no através de ‘políticas expansionistas’, usando instrumentos fiscais enquadrados em orçamentos suplementares e expansão monetária impulsionada por quantitative easing, cujo objetivo é sempre suportar e expandir o consumismo. Isto viu-se, por exemplo, quando o coronavírus neutralizou momentaneamente o vírus consumista e os seus efeitos, e o consumismo se retraiu com as consequências económicas e sociais que já se conhecem e com as sequelas que ainda se esperam para os próximos anos.
Mas o pior inimigo do consumismo não é o coronavírus, muito menos os discursos e homilias de Sua Santidade. O pior inimigo do consumovírus é a deflação. A deflação é a descida sustentada dos preços, o que à primeira vista até pode parecer algo de fantástico. Quem não prefere comprar mais barato que mais caro? No entanto, a deflação tem o efeito de fazer com que os consumidores adiem as suas compras: se for mais barato amanhã, não vamos comprar hoje. Isso faz com que as empresas vendam menos, pelo que vão parar de fazer investimentos e contratar pessoal. Isto, por sua vez, faz diminuir o rendimento das famílias, e tem como consequência uma ainda menor procura de bens e serviços. Esta quebra na procura vai por sua vez fazer diminuir ainda mais os preços, entrando-se assim naquilo a que um poeta chamou “espiral deflacionista”. Numa espiral deflacionista as pessoas adiam ou deixam de fazer compras de bens e serviços supérfluos, o que significa a morte do consumismo. A deflação é, assim, a hidroxicloroquina do consumismo.
Pelo contrário, a inflação, que é a subida sustentada dos preços, incentiva o consumismo como mais nada, nem sequer o espírito do mundo, o consegue. Quando as pessoas esperam que os preços vão subir, têm tendência a antecipar as compras, e tanto mais quanto maior for a inflação. Isto causa que o número de sapatos e a quantidade de fatos nos armários aumente, que se faça o upgrade do televisor e do frigorífico que ainda estão perfeitamente funcionais, e que se troque o automóvel comprado recentemente por um modelo de gama superior. Quando há inflação Belzebu e todos os seus demónios podem ir de férias porque os homens deixam de precisar de ser tentados para o inferno consumista: a sua racionalidade faz com que queiram desfazer-se o mais rapidamente possível do dinheiro que têm, e tanto mais rapidamente quanto maior for a taxa de inflação.
Assim, deve ser com preocupação que Sua Santidade terá tomado conhecimento que o Banco Central Europeu (BCE) se prepara para iniciar uma política mais inflacionista, com o objetivo de incentivar o consumo. Não há pois que duvidar que, quando a inflação regressar, o consumismo vai disparar. Não haverá então nem sermões, nem moralismos pontifícios, que façam as famílias diminuir ou adiar as suas compras, quando sabem que o dinheiro que têm no bolso, ou na conta bancária, vai perder poder de compra.
Mas porque é que a Comissão Europeia, o BCE e várias outras autoridades laicas gostam tanto do consumismo e estão sempre à procura de novos oportunidades para fomentá-lo? A razão é simples: o consumismo faz diminuir o desemprego e aumenta os rendimentos, combate a miséria material e incentiva a criatividade empresarial, estimula a investigação & desenvolvimento i faz felizes os pobres de espírito.
É verdade que o consumismo nos distrai das coisas do espírito, mas não faz parte do mandato do BCE ajudar-nos a acumular tesouros onde a traça e a ferrugem não os destroem e onde os ladrões não os assaltam nem roubam (cf. Mt 6, 19). Note-se, no entanto, que o BCE não obriga ninguém a ser consumista. Só o é quem quer. Quem quiser pode sempre entrar num mosteiro ou viver como um monge no meio deste mundo, sempre, é claro, em amoris laetitia. Assim, não é expectável que o BCE vá ajudar as pessoas a rejeitar as ilusões do consumismo aplicando o único remédio santo que se conhece contra ele: uma boa deflação.

U avtor não segve a graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. Escreue coumu qver & lhe apetece. #EncuantoNusDeixam
Não sei se sabe mas essa “explosão demográfica” que fala não está a acontecer em praticamente nenhum pais mais desenvolvido…
Não acontece na europa, mas estamos sempre a “ser convidados” a ajudar;
Depois há os imigrantes ilegais, os refugiados etc… que poem pressão sobre a economia da UE (sua e minha) e alvoroçam as populações locais.
Veja os dados estatísticos da UE quanto a desemprego nos vários países que tem dezenas de milhões de jovens sem emprego e sem prospecto nenhum de futuro…está tudo on-line, é só navegar !
A população da UE é cerca 450 milhões e a população mundial cresceu cerca 330 milhões nos últimos 4 anos !
_ Então, meus meninos, o que é que as fábricas produzem?
– Poluição !!
– muito bem; então como é que as vossas mães compram a comida que vocês comem?
– com o dinheiro que o pai ganha na fábrica !!
————-
E são sete bilhões hoje; amanhã seremos muitos mais ! É um beco sem saída, porque, mesmo os países mais evoluídos, mesmo os mais poderosos, nada fizeram, nem sabem nem podem fazer, para reverter esta espiral trágica que é a explosão demográfica.
A solução será o Socialismo? Qual deles?
Por mim, “count me out”.