No dia 1 de Fevereiro de 2021, somámos mais um ano (já lá vão 113 anos) desde o infame regicídio de 1908, que vitimou a tiro o então Rei D. Carlos I e o Príncipe Real D. Luís Filipe, no Terreiro de Paço, quando regressavam do Paço Ducal de Vila Viçosa, para onde o Rei e restante família se deslocavam geralmente no Inverno para a temporada de caça. Esse magnicídio, obra da Carbonária (em que Alfredo Costa e Manuel Buíça constituíram os sicários de serviço) em conluio com a Maçonaria e outros republicanos, foi simultaneamente o início do funeral da monarquia em Portugal, pois encerrou a governação “mão-de-ferro” ou “à turca” (como se dizia na época) de João Franco, esforço último de D. Carlos para restabelecer a ordem política e moral, e segurar a monarquia portuguesa. Adicionalmente, foi entronado um rei de 18 anos, sem preparação para reinar no clima político-social de elevada crispação vigente e que nunca o quis verdadeiramente ser: D. Manuel II. Aguentou pouco mais de dois anos. 

Este acontecimento marcante deu início em Portugal, ao que já é hoje uma longuíssima prática das várias esquerdas radicais: perpetrar os piores crimes de sangue e violentas agitações de rua de que há memória. Porém, e na senda da Revolução Francesa, quando Luís XVI e Maria Antonieta da Áustria foram guilhotinados, e o Terror de Robespierre matou 17.000 franceses num só ano; ou da Revolução Russa, em que os revolucionários mataram à bala e à baioneta toda a família imperial do Czar Nicolau II, dando início a um sem fim de assassinatos arbitrários e fomes que perduraram por décadas – com o intuito de liquidar os “inimigos da revolução”, os crimes das esquerdas revolucionárias, estando estas representadas por jacobinos, bolcheviques ou maoístas, são sempre relativizados e são hoje quase desconhecidos pelas grandes massas do Ocidente. E Portugal não é excepção. O domínio cultural assegurado pela esquerda nas últimas décadas, é a explicação primordial.

Desta forma vou aproveitar o aniversário desta infeliz tragédia, para relembrar mais alguns crimes das esquerdas nacionais ao longo do século XX:  

  • Propagação do medo e da desordem pública, por parte do Movimento da Formiga Branca, ao longo de quase toda a I República. Esta milícia que funcionou como guarda pretoriana do Partido Democrático de Afonso Costa, empreendeu vários trabalhos de sabotagem, como a realização de atentados bombistas e raptos; 
  • Assassinato do Presidente Sidónio Pais a 14 de Dezembro de 1918, no Rossio, por José Júlio da Costa, anarquista de esquerda;
  • Noite sangrenta de 19 de Outubro de 1921, em que foram assassinados até alguns históricos propulsores da república, como António Granjo – na altura Presidente do Ministério de Portugal (equivalente ao actual cargo de Primeiro-Ministro), Machado Santos ou José Carlos da Maia, por marinheiros e arsenalistas radicalizados e instrumentalizados; 
  • Tentativa de eliminação física de Salazar à bomba, quando este chegava no seu carro a uma missa dominical em Lisboa, na Rua Barbosa du Bocage, a 4 de Julho de 1937, por parte de anarco-sindicalistas, com ligações a republicanos espanhóis – estávamos em plena Guerra Civil de Espanha (36-39); 
  • Sequestro e desvio do paquete Santa Maria, no início de 1961, por Henrique Galvão e sua trupe, havendo a lamentar a morte do terceiro oficial, tendo-se registado vários feridos; 
  • Período revolucionário de 74-75: milhares de prisões sem mandato de captura, torturas bárbaras de ex-combatentes (exemplo: Marcelino da Mata em 75 no RALIS) e quadros do Estado Novo, ocupação de terras privadas no Sul do país, saneamento de bancos e fábricas, colocação de barricadas em importantes vias de comunicação etc., efectuados pelo COPCON, ala esquerda do MFA, partidos políticos de extrema-esquerda como o MRPP, entre outros. Tudo com o apoio da “loucura gonçalvista” e a complacência de Costa Gomes é claro;
  • Assassinato de pelo menos 13 inocentes (incluindo até um bebé em 84!), por parte das FP-25 de Otelo Saraiva de Carvalho, entre 1980 e 1987. Otelo foi julgado e preso por estes crimes, sendo depois amnistiado em 1996 por sugestão de Mário Soares, quando estava na condição de Presidente da República.

Enfim, a lista não teria fim… mas claro, como os enunciados actos criminosos foram realizados em nome de um bem maior e em prol da “pureza da humanidade”, fazendo-a rumar em direcção ao progresso e à igualdade sonhados por Marx, e ao seu estado de bonomia selvagem caracterizado por Rousseau…não devem ser condenados. É a maldade do bem.


Frederico Nunes da Silva