Contestação contra a celebração da data em pleno Estado de Emergência ocupa o 8.º lugar e já conta com cerca de 110 mil assinantes. Os leitores podem aceder a petição através deste link: https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT98650.

O que está em causa

A polémica estalou na semana passada, quando a conferência de líderes anunciou que a Revolução dos Cravos iria ser comemorada, apesar das restrições impostas devido à pandemia COVID-19, tendo chegado a conjeturar-se a presença de 300 pessoas na Assembleia da República.

Em resposta, um vasto número de cidadãos aderiu à petição lançada online pelo cancelamento das comemorações: “Numa altura em que se pede a TODOS os Portugueses que se abstenham de sair de casa (…) Não se admite que a Assembleia queira comemorar o 25 de Abril, juntando centenas de pessoas no seu interior. Não se admite que os Srs. Deputados não cumpram aquilo a que obrigam a TODOS nós. Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti’.

Mais tarde, uma nota publicada na página da AR dava conta de um número mais reduzido de participantes, ao todo 130, com dezenas de convidados e 77 deputados – um terço dos 230 eleitos. Ainda assim, um aumento significativo do quórum mínimo de 46 parlamentares recomendados pelo parlamento para esta quarentena.

Contra-petição e outras petições

Alegando que a democracia não pode ser suspensa, figuras como Manuel Alegre, Marisa Matias e Fernando Rosas lançaram uma contra-petição com vista a contrariar a mencionada iniciativa popular. Até ao momento, porém, esta contra-petição não tem conseguido ultrapassar nem um quarto das assinaturas da petição original a que se opõe, ainda que para assiná-la não seja sequer preciso BI ou CC, bastando o email (sendo que uma só pessoa costuma ter vários).

Entretanto, mais petições se juntaram a estas. Vendo em Ferro Rodrigues a face da insistência nas comemorações, foram lançados dois apelos públicos com vista à sua destituição, com cerca de 3000 e 6000 assinaturas respetivamente.

Comemoração divide históricos

A polémica tem dividido históricos do PS e do próprio 25 de Abril. Por um lado, Manuel Alegre defende o evento. Por outro, João Soares diz ser “um disparate persistir na ideia da sessão comemorativa” no parlamento, em tempos de confinamento, e não admite que o “chamem facho” por causa da sua opinião.

Também os Ex-Presidentes da República têm mostrado alguma sensibilidade e ponderação face à reação dos cidadãos, embora de modos diferentes. Ramalho Eanes aceitou o convite, por motivos institucionais, embora afirmando explicitamente que discorda da modalidade apresentada. Já Cavaco Silva e Jorge Sampaio não vão por pertencerem ao grupo de risco, acatando as recomendações da DGS.

Objetivo alcançado

No seu espaço de análise, também o Diretor de Informação da SIC, Ricardo Costa acabou por dar razão à principal reivindicação dos assinantes da petição, afirmando que o número de convidados devia ser reduzido e vaticinando um máximo de 100 participantes no evento, que é o que neste momento se prevê. Assim, os mais de 100 mil assinantes que foram acusados de “fachos” ou de estarem “contra o 25 de Abril” já podem congratular-se por verem a sua iniciativa no Top 10 das Maiores Petições de Sempre e, sobretudo, pelo objetivo atingido.