Num protesto em Londres contra a extradição de Julian Assange, celebridades como Yanis Varoufakis, Brian Eno e Roger Waters juntaram-se aos activistas e apoiantes para marcharem da Embaixada da Austrália até à Praça do Parlamento para denunciar o que eles acreditam ser um ataque à liberdade de imprensa.
O pai de Julian Assange, John Shipton disse: “Espero que os americanos olhem para o seu governo e insistam para que este siga a primeira emenda”.
Primeira Emenda da Constituição Norte-Americana: “O congresso não deverá fazer qualquer lei a respeito do establecimento de religião, ou proibir o seu livre exercício; ou restringir a liberdade de expressão, ou da imprensa; ou o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações de queixas”
Quando perguntado sobre o estado do seu filho na prisão de Belmarsh, Shipton disse: “As suas condições melhoraram ligeiramente, mas ele ainda está vinte horas por dia sozinho.”
O fundador do WikiLeaks encara até 175 anos de prisão nos Estados Unidos, onde ele enfrenta 18 acusações, a maioria sob o acto de espionagem, devido ao seu papel na divulgação de documentos militares confidenciais, que os EUA alegam ter colocado em risco a vida de agentes e fontes americanas confidenciais.

Durante a audiência de ontem, o advogado de Assange, Mark Summers, disse que foi, na verdade, o jornal The Guardian quem teve a culpa da divulgação de documentos não editados em 2011.
“A noção de que Assange colocou deliberadamente vidas em risco ao publicar documentos não redactados é imprecisa. David Leigh [um repórter do Guardian] divulgou a informação no seu livro”, disse o Summers.
O advogado de Assange também disse que, uma vez descoberto que os arquivos não predeterminados foram tornados públicos, ele ligou para a Casa Branca para falar com a então Secretária de Estado, Hillary Clinton “com urgência”.
O Sr. Summers disse que Assange informou os funcionários da Casa Branca: “Não percebo porque não está a ver a urgência disto. A menos que façamos algo, então a vida das pessoas é posta em risco.”
O jornal The Guardian negou a responsabilidade pela fuga.

O editor do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, disse que o julgamento de Assange é “a vingança do império” pelos segredos expostos pelo Wikileaks em 2010 e 2011.
“Agora chamam-lhe espionagem e atiram-lhe acusações e acusações baseadas no acto de espionagem. É a primeira vez que um jornalista terá que lidar com essa realidade, mas não será a última vez se ele for extraditado.
“As autoridades britânicas têm sido demasiado moderadas em termos de extradição em geral, mas neste caso tem que ser rejeitada, tem que ser detida, cria um precedente muito sério se ele for extraditado. Será o maior golpe contra o jornalismo livre do mundo em décadas”, disse Hrafnsson.
Craig Murray, ex-embaixador do Reino Unido no Uzbequistão que passou a ser denunciante, observou que Assange tem recebido apoio da esquerda e da direita, ao dizer: “Há muitos libertários de direita que apoiam Julian Assange e que apoiam a liberdade na internet, estas são questões bastante profundas.”
“A noção de que uma editora deve ser presa por publicar material que é verdade é bastante extraordinária quando se pensa sobre isso. É realmente um precedente assustador e, claro, temos também o facto de que o material publicado pelo WikiLeaks revelou um grande número de crimes de guerra e ninguém jamais foi condenado por esses crimes, não são os criminosos que vão para a prisão, são as pessoas que os denunciam”, acrescentou o ex-embaixador.
Fontes:
Huo Jingman. NPR, 22 de Fevereiro de 2020, Protesters Demand Julian Assange Be Freed Ahead Of Extradition Hearing. https://www.npr.org/2020/02/22/808504575/protesters-demand-julian-assange-be-freed-ahead-of-extradition-hearing?t=1582858257326
Kurt Zindulka. Breitbart, 26 de Fevereiro de 2020, Exclusive Video: Julian Assange’s Father Calls on America to Respect the First Amendment. https://www.breitbart.com/europe/2020/02/26/exclusive-video-julian-assanges-father-calls-on-america-to-respect-the-first-amendment/