No passado dia 19 de Setembro, a União Europeia colocou comunismo e nazismo em pé de igualdade, depois de aprovar no Parlamento Europeu uma resolução condenando ambos os regimes por terem cometido “genocídios e deportações e foram a causa da perda de vidas humanas e liberdade em uma escala até agora nunca vista na história da humanidade”.

A resolução Importance of European remembrance for the future of Europe contou com 535 votos a favor, 66 contra e 52 abstenções, noticia o jornal espanhol ABC esta Terça-feira.

Praticamente todos os euro-deputados Portugueses votaram a favor da resolução, excepto Sandra Pereira e João Ferreira, do Partido Comunista Português e Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, que votaram contra. Maria Leitão Marques, do Partido Socialista e Cláudia Monteiro de Aguiar, do Partido Social Democrata faltaram à votação. Manuel Pizarro, do PS, e José Gusmão do BE abstiveram-se.
Lista dos Votos do Eurodeputados Portugueses

Em 2015, o PCP e o BE, no Parlamento Europeu, votaram contra uma resolução a condenar o regime comunista da Venezuela pelos atentados à Vida e Liberdade do seu povo.

Noutro caso semelhante, o Parlamento Português reconheceu o Holodomor na Ucrânia como Genocídio contra o povo Ucraniano pelo regime soviético de Estaline, com os votos contra do PCP, BE, PEV e 3 deputados do PS.

O PCP publicou um comunicado, no dia 19 de Setembro, a criticar esta “grave e abjecta resolução, que constitui mais uma deplorável peça na estratégia de revisionismo histórico promovida pela União Europeia”. Para os comunistas, a resolução aprovada “com os votos favoráveis dos deputados do PS, PSD, CDS e PAN” promove “o anti-comunismo e a reescrita da história” e “as mais reaccionárias concepções e falsificações da História contemporânea”.

O PCP considera que esta é uma “deplorável tentativa de equiparar fascismo e comunismo, minimizando e justificando os crimes do nazi-fascismo e silenciando as coniventes responsabilidades das grandes potências capitalistas – como o Reino Unido ou a França – que abriram caminho ao início da Segunda Guerra Mundial”.

Para o partido liderado por Jerónimo de Sousa, este documento constitui uma tentativa de apagar “o conluio dos grandes monopólios alemães com Hitler” e também “o contributo decisivo dos comunistas e da União Soviética para a derrota do nazi-fascismo e para a libertação dos povos do jugo colonial após a Segunda Guerra Mundial”. O partido acrescenta que a resolução tenta “silenciar” o papel que os comunistas desempenharam na “libertação dos povos da opressão fascista, como ocorreu em Portugal, ou o papel que desempenharam e desempenham no avanço da conquista de direitos democráticos”.

Qual o Ditador Que Matou Mais? Mao = 78 Milhões / Estaline = 23 Milhões / Hitler = 17 Milhões

De acordo com o ABC, o jornalista polaco Ryszard Kapuscinski chegou a essa conclusão em 1995: “Se pudermos estabelecer a comparação, o poder destrutivo de Estaline era muito maior. A destruição levada a cabo por Hitler não durou mais de seis anos, enquanto o terror de Estaline começou na década de 1920 e prolongou-se até 1953.”

O debate alcançou o seu auge em 1997, com a publicação do “Livro Negro do Comunismo” que foi escrito por um grupo de historiadores sob a direção do investigador francês Stéphane Courtois, que se esforçaram por fazer um balanço preciso e documentado das verdadeiras perdas humanas do comunismo. Os resultados foram esmagadores: cem milhões de mortos, quatro vezes mais do que o valor atribuído por esses mesmos historiadores ao regime de Hitler: o genocídio terá feito cerca de 6 milhões de vítimas.

A resolução aprovada pelo Parlamento Europeu é bastante incisiva, nela se apelando, nomeadamente “a uma cultura comum da memória que rejeite os crimes dos regimes fascista e estalinista e de outros regimes totalitários e autoritários do passado como forma de promover a resiliência contra as ameaças modernas à democracia, em particular entre a geração mais jovem”. Também se manifesta “profundamente preocupado com os esforços envidados pela atual liderança russa para distorcer os factos históricos e para «branquear» os crimes cometidos pelo regime totalitário soviético, e considera que estes esforços constituem um elemento perigoso da guerra de informação brandida contra a Europa democrática com o objetivo de dividir a Europa”.

Fonte:

https://www.abc.es/historia/abci-nazismo-y-comunismo-verdaderas-cifras-terror-tras-historica-condena-201910142309_noticia.html