O homem é um ser gregário, é um ser social, necessita das relações humanas desde o nascimento, desenvolve-se na relação, na dialéctica familiar, na escola, na catequese, nos escuteiros, no clube desportivo, na universidade, na empresa, na associação de moradores, de condomínio, de reformados, clube sénior, associação de visitadores de doentes, de presos….
E o que é que todas estas relações trazem? Sentimento de pertença, partilha e entreajuda para responder às necessidades de alguém.
O que é que faz sofrer uma pessoa? O que é que a faz pedir a morte?
É a solidão? Precisa de companhia, de atenção. É a dor? Precisa de medicação própria e adequada. É o sentimento de dependência e peso para os outros? Precisa de carinho, de disponibilidade, de presença e se possível de valorização dos seus contributos para a sociedade (o que fez, a família que criou, as pessoas que ajudou, os conselhos que pode dar, a riqueza das histórias para contar…) todos nós temos algo de valor, algo que possa ser valorizado e nem que seja por terceiros (se não o podermos fazer por nós próprios) deve ser feita essa valorização.
Hoje em dia é claro que para responder às situações de necessidade acima apontadas o caminho são os cuidados paliativos, que respondem a tudo, quando não há condições para se manter em família, que isso sim era o ideal.
Abrir a porta à morte a pedido, para além de não responder a uma necessidade, vai alterar, sem retorno, o respeito que se tem pela vida e pela morte (não fui eu que decidi vir ao mundo e também não devo querer ser eu a decidir partir, muito menos com a ajuda do estado que existe para defender a vida dos cidadãos e não conceder-lhes a morte).
Vai sobretudo abrir o caminho à banalização do acto que mais tarde, como já se verificou noutros países que legalizaram, leva inevitavelmente ao debate do alargamento fácil que se antecipa das razões e motivos para a sua aplicação com base no princípio da liberdade e da autonomia.
Pior ainda é a alteração de comportamentos daqueles que possam ter interesse nessa morte e que facilmente podem cair na manipulação da mesma para fins materialistas e economicistas.
Como a nossa constituição afirma: “A vida humana é inviolável”. Ninguém tem necessidade de morrer.

Militante do CDS, Senior Management Consultant, MBA Student