O Tenente-Corenel Marcelino da Mata, o nosso “Rambo” da Guiné, deixou-nos no passado dia 11 de Fevereiro, e como grande herói que foi, cabe-nos honrá-lo e recordá-lo.

Marcelino da Mata nasceu  no dia 7 de Maio de 1940, em Ponte Nova, ex-Guiné Portuguesa – era de etnia papel. Incorporado nas Forças Armadas Portuguesas em 1960, foi um dos maiores heróis de guerra do século XX português, ao nível de um Fernando Robles ou de um Aníbal Milhais, e ficou conhecido pelos seus actos de bravura e heroísmo praticados durante a Guerra do Ultramar, em cerca de 2400 operações de comandos, e que lhe dão o título de militar mais condecorado da História do Exército Português: recebeu uma Torre e Espada (a mais elevada ordem honorífica do país) e é o oficial com mais Cruzes de Guerra – cinco.

Integrou e foi fundador da tropa de operações especiais Comandos Africanos – um grupo de elite de recrutamento local, actuando no cenário de guerra da sua Guiné, com operações no Senegal e na Guiné Conacri. Foi o oficial mais destacado dos Comandos Africanos das Forças Armadas Portuguesas na Guiné.

Participou em operações de guerra notáveis, como a Operação Tridente ou a Operação Mar Verde.

Em suma…foi uma verdadeira “Máquina de Guerra”, à solta nas matas da Guiné Portuguesa nos anos 60 e 70!

Teve a felicidade de escapar com vida da Guiné, mas teve o azar de cair nas mãos de militares de extrema-esquerda e outros agentes revolucionários em Maio de 1975 acabando barbaramente torturado no quartel do RALIS. Na madrugada de 18 de Maio de 1975, foi espancado brutalmente: chicoteado, agredido com uma cadeira de ferro, sujeito a choques eléctricos acabando bastante maltrado e com várias costelas partidas. A flagelação foi praticada e ordenada por Emiliano Quinhones de Magalhães (capitão), Leal de Almeida (Tenente Coronel), João Eduardo da Costa Xavier (capitão tenente) e militantes do MRPP num dos episódios mais desumanos de toda a revolução dos cravos.

Conseguiu fugir para Espanha, tendo regressado a seguir ao 25 de Novembro de 1975, após a normalização da situação política em Portugal. 

Após a independência da agora Guiné-Bissau foi proibido de entrar na sua terra natal.

Portugal, na forma da sua III República, nunca concedeu a Marcelino da Mata o devido reconhecimento público, apesar de todas acções por este empenhadadas, com sangue e suor, no antigo Ultramar Português. Todavia, é certo que o nosso país ficou agora um lugar ainda mais pobre, ainda mais triste, ainda mais lúgubre: perdemos mais um “Guerreiro do Império”. Porém, não esqueçamos que numa visão camoniana, os Grandes partem, mas nunca morrem: “…E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando…”. Assim sendo, podemos afirmar que Marcelino não morreu verdadeiramente, passou apenas para o “outro lado do caminho”.

Cabe agora aos portugueses cultos, patriotas e de boa índole, mantê-lo vivo, perpetuando a sua vida e obra, relembrando os seus feitos valerosos, realizados em defesa do sonho de uma grande Pátria Portuguesa Pluricontinental. No fundo e novamente, compete-nos a nós como povo, seguir o que Camões nos ensinou no Canto I dos Lusíadas: “… Cantando espalharei por toda a parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. …”. Tenhamos então esse engenho, tenhamos então essa arte. 

Paz à sua Alma, Herói Marcelino da Mata. Presente! 

Frederico Nunes da Silva, Empresário.
















Actualização 12/02/2021 20:01: Foi corrigido o nome de um dos responsáveis pela flagelação de Marcelino da Mata. O nome correcto de um dos responsáveis é o Capitão Manuel Augusto Seixas Quinhones de Magalhães, e não o Coronel Emiliano Quinhones de Magalhães que por equívoco foi mencionado pelo autor do artigo de opinião. Pedimos desculpa aos leitores pelo erro e à Família do Coronel Emiliano Quinhones de Magalhães pelo transtorno causado.