Inquietação“, a rubrica semanal de Sandra Santos, jovem escritora, professora e tradutora, todas as Sextas-Feiras no Notícias Viriato, onde os desassossegos e as inquietações da juventude (e não só) são transformadas em escrita e partilhadas livremente com os leitores.


Todas as incompreensões diárias, expressadas que nem ladainhas confessionais – “não entendo que mundo é este”, “não entendo as pessoas”, “não entendo como é que nos deixamos chegar a este ponto”, “não entendo, não entendo, não entendo…” – todas estas derivações se vão armazenando na nossa mente, no nosso corpo, na nossa sensibilidade, ganhando nós cada vez mais resistências, apegos e fardos.

Hoje, numa meditação, me veio esta ideia clara: cada vez que formulo pensamentos, expressões e ações que me remetem para a não compreensão do mundo, projetando nos outros-eus (mundo) a responsabilização, a não aceitação, a não compaixão, sou eu que assimilo todas essas dores, frustrações e embaraços. Pois bem, em vez de liberar e fluir, o meu corpo enrijece, originando resistências e calcificações, o que pode derivar, desde logo, em dores e doenças. O autor Eckhart Tolle aborda esta questão através do conceito “corpo de dor” (pain body), nomeadamente, no livro “O Poder do Agora”.

Sabendo nós que tudo no universo é dinâmico, simultâneo e infinito, toda a dor tem uma história e, a cada história, memórias mais ou menos vívidas. Pois bem, cada um de nós carrega emoções que se associam a memórias mais felizes, outras menos, umas mais simbólicas, outras mais concretas e físicas. As memórias podem também ser confundidas com efabulações – está provado que, quando imaginamos recorrentemente uma situação, a nossa mente não consegue distinguir se essa “idealização” é real ou fictícia, pois o valor que lhe atribuímos é tão ou mais impactante que o valor que atribuímos às “memórias reais”.

Portanto, a nossa mente é um lugar fascinante ou totalmente frustrante. No entanto, em vez de “mente”, eu prefiro substituir essa expressão por “mundo interior”. Nesse sentido, sou eu quem decide como povoar esse meu mundo. Voltando à ideia iniciada acima, eu escolho povoar o meu mundo com pensamentos edificantes, palavras amorosas, gestos congregadores.

Tudo o que for menor que o Amor (o Ágape, sobretudo, que é o amor incondicional), não terá lugar para germinar. Portanto, a lição que hoje retirei é esta: tudo o que for menor que o Amor não tem lugar na minha vida. E, cada vez que poluir o meu corpo e o meu espírito, será ativada a inteligência sensitiva, divina, para que eu tome essa consciência. Essa consciência poderá ser através da dor, é certo, mas não precisa de ser. Com presença no aqui e agora, será o Amor a tomar as rédeas da nossa consciência, será o Amor a mudar radicalmente a nossa vida, será o Amor a regenerar as feridas da sociedade, será o Amor a reinar entre os Homens.

Sandra Santos, jovem poeta e “artivista”, questiona o (seu) mundo a cada dia, sendo outra constantemente. Amante das artes, do humor, das viagens, das paisagens, dos mistérios, da magia do real, continua a deslumbrar-se com o visível e com o invisível.

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