Inquietação“, a rubrica semanal de Sandra Santos, jovem escritora, professora e tradutora, todas as Sextas-Feiras no Notícias Viriato, onde os desassossegos e as inquietações da juventude (e não só) são transformadas em escrita e partilhadas livremente com os leitores.


Todos os dias se me ocorrem pensamentos vários em relação ao mundo e à vida. Para me ser mais fácil de assimilar tanto manancial de informação, tenho por hábito reflectir sobre várias temáticas. Hoje quero debruçar-me sobre o seguinte: a interação através de apps e redes sociais em detrimento da comunicação interpessoal a nível real, presencial. Seja por Facebook, Instagram, Telegram, Whatsapp, Tinder, etc – qual é a finalidade de uso destas redes? Criar redes reais ou fomentar a divisão, a separação, a alienação, a desvinculação ao mundo, ao outro, à vida?

Quando vejo crianças e jovens (e adultos no geral) totalmente dependentes das tecnologias, uma sensação dual me acomete. Toda esta vaga pandémica e consequente privação das liberdades intensificou o isolamento, a solidão, a sensação de incompreensão que, naturalmente, já acompanha o ser humano desde o berço – programações passadas de geração em geração. 

Diariamente, vejo pessoas deprimidas, olhares vazios, passos apressados e assustados – uma sociedade perdida no seu próprio labirinto, quando a saída está ali ao virar da esquina, pois “Dentro de ti, ó cidade / O povo é quem mais ordena”.

O real está-se a assimilar ao digital e, mais dia menos dia, a sociedade que conhecíamos passará a ser uma longínqua memória armazenada numa grande cloud virtual.

Muitos têm sido os dias cinzentos, mas, por detrás das nuvens (expostas e impostas), há um sol que nos convoca à libertação, à união, à fraternidade. A realidade dos sentidos é o que me fará sempre mais sentido.

Lembremo-nos das palavras de José Mário Branco:
“Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grândola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.”

A revolução do toque, do olhar, do tocar o coração do outro valerá sempre mais a pena. Ah, se vale!

Sandra Santos, jovem poeta e “artivista”, questiona o (seu) mundo a cada dia, sendo outra constantemente. Amante das artes, do humor, das viagens, das paisagens, dos mistérios, da magia do real, continua a deslumbrar-se com o visível e com o invisível.

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