Só o voto massivo em Donald Trump poderia garantir a paz. Independentemente de se apreciar ou não o ainda Presidente dos EUA, esta conclusão depreende-se dos seguintes factores:
1. A verdadeira guerra que se oculta por detrás de cada conflito social consiste na disputa pela liderança e domínio do mundo globalizado. Projectos não faltam, desde o globalismo ocidental, ao multipolarismo, à família das nações. Mas, mais importante que os projectos é quem manda neles. De um lado, a elite americana e europeia que, tendo em comum o desejo de alcançar a hegemonia global, também têm como pedra no sapato o facto de não a terem alcançado sequer no seu próprio território – o que as leva a procurar no oriente aliados de circunstância, como é o caso da estreita relação entre Silicon Valley e China. Por outras palavras, à maneira de Trotsky, não têm pejo em aliar-se ao próprio diabo (ou quem consideram sê-lo) com vista a reforçar o seu poder interno, já que a sua própria zona de influência ainda sofre a oposição de coisas ‘aborrecidas’, como a democracia representativa e o Estado de Direito. Do outro lado, os ex-países comunistas, Rússia e China, apesar das divergências, entendem-se bem. Em parte, isto deve-se ao facto de terem o seu povo relativamente sob controlo. Pelo que, estáveis no plano interno, podem dar-se ao luxo de adiar os seus diferendos externos para outras núpcias; após destronarem, de uma vez por todas, a supremacia dos EUA (e a Europa).
2. Neste contexto, o ocidente está evidentemente a perder. Pois, na ânsia de dominar o seu próprio território, as elites americanas e europeias têm levado a cabo um programa de revolução axiológica e identitária da sociedade que acham que lhes pertence. Esta revolução consiste na substituição dos valores da tradição cristã pelo cluster de ideologias humanistas que, surgidas no Renascimento, passando pela Reforma e canonizando-se na Revolução Francesa, se disseminaram até às raízes da cultura ocidental. O que hoje chamamos Progressismo já não se limita a enxertar na árvore da tradição ramos liberais, socialistas e comunistas. Pretende arrancá-la pela raiz, com a agenda extremista do politicamente correcto, deitando fora até mesmo os ramos que a Esquerda Republicana enxertou. Por isso, para dar um exemplo português, figuras autênticas como Sérgio Sousa Pinto são eliminadas da “decência pública” com tanta ou maior veemência que André Ventura. Ora, como é evidente isto provoca uma resistência endémica massiva, tanto da parte do povo (no fundo, conservador) como de intelectuais, políticos e figuras públicas que não se vergam ao pensamento único. Deste modo, as elites ocidentais vivem o drama de, justamente a meio da contenda pela liderança da globalização, não terem ainda terminado a sua revolução axiológica contra o seu próprio povo. Isto é uma fragilidade imensa. É semelhante a um exército nas trincheiras em que metade dos soldados contestam as ordens do general, fazendo com que metade da energia dos capitães seja consumida a controlar os seus próprios homens em vez de atacar o inimigo.
3. De que forma poderia o ocidente vencer? Para respondermos a esta pergunta temos de averiguar a que ocidente nos referimos: ao das elites ou ao da reacção? No que respeita as elites, a única hipótese que tinham de vencer simultaneamente a guerra interna (face ao povo e à resistência) e externa (face ao oriente) teria sido adiar a sua revolução axiológica. É sabido que ninguém vence batalhas enquanto passa por um processo de transformismo identitário. Com efeito, a sua melhor arma teria sido aproveitar o poderio económico ocidental, deixar cair (até ao fim) o socialismo e comunismo orientais, tomar conta do mundo e, só depois, lá para o século XXII, impor uma nova axiologia e uma nova ordem mundial à sua maneira. Não o fizeram. Pelo contrário, optaram por fomentar, em termos culturais, uma espécie de doença auto-imune – o esquerdismo – que só teve como consequência rebentar com as suas próprias autodefesas e gerar reacções caóticas um pouco por todo organismo social e político que pretendiam dominar. Entretanto, o problema é que agora já não podem voltar atrás, já que a sua pressa resultou na solidificação de uma resistência cultural, social e política, cada vez mais organizada e militante, que levou à ascensão de Donald Trump. E esta resistência já não vai em conversa mole de pseudo ou neoconservadorismos. Mais ainda, a resistência já não receia perder o seu prestígio, viver com poucos meios e, muitos, se preciso for, estarão dispostos a morrer por Deus, Pátria, Família e Liberdade.
4. Então, poderia a resistência ocidental tomar conta da globalização? Também não. Pois ela não é imperialista nem globalista. O que pretende trazer ao mundo é sobretudo o contrapoder, que é a condição sine qua non para a paz. É por isso que, ao contrário dos seus antecessores, desde Reagan, a Clinton, a Bush (pai e filho) e Obama, Trump não iniciou qualquer guerra. O poderio militar dos EUA passou a ser utilizado como um machado de guerra que, de preferência, não actua; mas tão-pouco se enterra antes que seja assinado o acordo de paz. Trata-se do conceito “paz na guerra” (pax in bello) que é a única paz possível enquanto existir mundo – pois, aqui, a “guerra” significa “guerra de contrapoderes”, com vista a substituir a guerra stricto sensu. No entanto, por outro lado, convém não esquecer que as elites ainda mandam incomparavelmente mais que qualquer resistência que se lhes oponha; mesmo deparando-se com alguma reacção popular, ainda detêm a imprensa dominante, o sistema de educação, as universidades, as instituições científicas politizadas, grande parte dos serviços de inteligência e sistema judicial, e toda uma falsa sociedade civil, financiada por corporações bilionárias e/ou fundos públicos; ou seja, tudo aquilo a que, hipocritamente, a esquerda chama “instituições democráticas” (após as ter subvertido, claro). Ora, para destronar o avassalador poderio das elites, e impor a paz no mundo, Trump teria de ter obtido um apoio popular inquestionável, avassalador, como não sucedera. Só Wyoming lhe deu isso: com 70% dos votos.
Dito isto, torna-se inevitável concluir que, independentemente do desfecho das eleições, o ocidente fica à mercê da Rússia e da China. Vejamos os cenários:
Cenário 1 – Há um volte-face e Trump “reconquista” a presidência
Neste momento, dizem que é impossível. E, claro está, teria como resultado incontornável o caos. A dramatização da Covid-19 aumentaria (talvez uma nova estirpe do vírus invadisse a narrativa dos media), as manifestações Black Lives Matter e afins (aparentemente imunes ao bicho chinês) voltariam a inundar as cidades, multiplicar-se-iam invenções de casos políticos e tentativas de impeachment. Naturalmente, Trump teria a sua oportunidade de pôr os EUA na ordem e fazer o que deveria ter feito na primeira oportunidade que Deus lhe deu – prender Hillary e responsabilizar criminalmente a subversão democrática dos censores da Big Tech, bem como os responsáveis pela fraude eleitoral. No entanto, sem o apoio de uma votação massiva, estaria sempre fragilizado. E essa fragilidade iria ser, inevitavelmente, rentabilizada pela China e Rússia.
O deep state perderia, por mais 4 anos, o controlo governamental sobre a maior economia do mundo; pelo que seria obrigado a entregar as jóias e os anéis que lhe restariam ao Partido Comunista Chinês, na esperança de um dia se livrar de Trump. O Great Reset avançaria – a agenda que, agora pública e abertamente, veio confirmar as mais badaladas teorias conspirativas globalistas –, mas com a resistência do governo e do povo americano, passando totalmente das mãos da elite ocidental para o comando de Pequim. Todavia, para tal acontecer, a Rússia teria de assumir um papel fundamental, pelo menos a curto/médio-prazo. Pois, como poderia Biden, os Democratas, o deep state e a UE, unir o mundo inteiro contra o derradeiro pesadelo do homem-laranja, sem antes garantir o apoio (ou, no mínimo, a neutralidade) de Vladimir Putin? E o mesmo se aplica a Trump, para se defender dessa liga de comunistas desesperados.
Cenário 2 – Biden confirma a sua eleição e torna-se Presidente do outrora mundo livre
Dizem que é o cenário mais provável. Contudo, a sombra da fraude e a profunda insatisfação do povo americano prometem converter os EUA nos estados desunidos da américa e numa nação simplesmente ingovernável. A resposta do sistema, extremamente fragilizado, será recorrer à censura e perseguição de todo e qualquer contestatário. A telenovela da Covid passaria à fase da vacinação, mas não pensem que terminaria aqui, tão-somente passaria para a Temporada 2, 3, 4, por aí fora, sempre com mais regras, imposições, duplos critérios, etc. As medidas resultantes desta experiência social sanitária, aos poucos, se estenderiam ao problema das desigualdades (criadas pelo próprio sistema que alega querer eliminá-las), ao dito “anti-racismo” (extremamente racista, por sinal), feminismo radical, fascismo LGBT e, sobretudo, ao comunismo ambientalista. Por outras palavras, o mundo estaria, finalmente, preparado para acolher de braços abertos o “Grande Recomeço”. Acontece que, mais importante que as ideias do Reset é quem as determina e comanda.
Faria sentido a China permitir o deep state ocidental erguer-se, restabelecer as suas forças e garantir novamente o comando sobre a nova ordem do mundo pós-covid? Inverosímil. Por detrás dos inevitáveis acordos da China com a banca e Big Tech ocidentais, o conflito político iria necessariamente escalar, uma vez que nem as elites americanas e europeias, nem o Partido Comunista Chinês estariam dispostos a ceder as rédeas do globo um ao outro. Após Biden ter garantido o poder, talvez voltassem em força as manifestações de Hong Kong; enquanto, por sua vez, a Coreia do Norte voltaria ao seu registo anterior, pré-Trump, reforçando a sua postura hostil. Outra coisa interessante seria observar o comportamento de Israel a pender para o lado mais forte, conforme os seus interesses; e o mesmo se aplica ao universo islâmico (que tem movimentos e grupos para todos os gostos, particularmente infiltrados na Europa, e muito úteis a qualquer um dos blocos).
No entanto, uma vez mais, a Rússia seria a peça-chave da destabilização. Não digo isto para demonizar a Rússia (nem, muito menos, canonizá-la), mas porque, em termos muito objectivos, a defesa dos interesses do Kremlin passa necessariamente por destabilizar o ocidente e, em particular, a Europa. Afinal, convém não esquecer que, desde a queda do muro de Berlim, também o ocidente não tem feito outra coisa senão tentar isolar Moscovo, roubando-lhe territórios e aliados, e tentando apertá-lo até o estrangular de vez. Quanto aos meios, tenhamos em conta que as redes de influência da ex-KGB não se evaporaram e que os actuais movimentos anti-sistema, pelo menos na Europa, não podem ser compreendidos descartando ou menorizando a influência Russa. Deste modo, torna-se particularmente relevante o facto de Putin ainda não ter reconhecido Biden como Presidente-Eleito e, mais relevante ainda, o seu discurso: “Trabalharemos com qualquer pessoa que tenha a confiança do povo americano (…) Mas essa confiança só pode ser dada ao candidato cuja vitória tenha sido reconhecida pelo partido adversário, ou depois que os resultados forem confirmados de forma legítima e legal.”
Putin não podia ser mais claro: se um vencer, colocar-se-á ao lado do outro. Melhor ainda, independentemente de quem obtenha o poder institucional, ele fará sempre oposição àquele que conseguir alcançar o poder real e efectivo. Numa palavra, aconteça o que acontecer, ele será antítese. E não lhe faltarão desculpas para assumir essa posição, podendo alegar desde a ilegitimidade ou ilegalidade da eleição, ao reconhecimento do partido adversário (esta é hilariante!), à confiança do povo americano. Até acrescentaria que é muito provável que a Rússia assuma, no mesmo sentido, o contrapondo dialético à posição da China. Isto é, se Xi Jinping apoia um, Putin apoiará o outro. Deste modo, estando de ambos os lados, será impossível ao oriente, no seu todo, não dominar o processo.
Estamos, portanto, a assistir à humilhante queda do ocidente que, de joelhos, será forçado a negociar. Talvez seja desta que o Papa visitará a Rússia, ou até a China, como figura supostamente neutra, para entregar aos novos líderes do século XXI os despojos do mundo ocidental, em troca de paz e apoio ao que resta do Progressismo. Mas receio que a única proposta de valor que lhes poderá oferecer, além de uma Smart TV e uma manta, será um balde de pipocas.

Parece que o discurso livre tambem não praticado neste jornal. Tudo m… do mesmo saco!
Neste Momento só temos “cenários” pois já não há dinheiro para “pipocas” nem pachorra para promessas americanas! Com todo o respeito por quem escreveu este artigo claro está. Felizmente existem jornalistas como este jornal que não são mentirosos psicopatas genocidas que merecem ser pendurados numa árvore pelas suas atrocidades terroristas psicológicas!
Grande artigo. Parabéns pela análise.
Absolutamente bem apresentado e factual !
Agora já só falta Biden destruir o muro que o seu antecessor mandou construir i; assim temos os dois blocos do ocidente de pedra amarrada aos pés (Africa para a UE e America latina para os EUA) a afundarem-se para todo o sempre…
“Quem boa cama faz, nela se deita, diria a Dona Alda !