Caros leitores, questionar hipóteses científicas, em particular aquela que recai sobre a tese de que a produção humana de Dióxido de Carbono (CO2) é responsável pelo aumento da temperatura na terra – isto quando existem outras hipóteses que explicam com maior coerência a complexidade do fenómeno -, é não só um exercício são e inteligente como uma prerrogativa e exigência da própria atitude e espírito científico.
Não obstante o enraizamento desta atitude na formação académica veiculada em milhões de escolas pelos países ocidentais e ocidentalizados, assistimos, por parte da comunicação social portuguesa e desconfio que da comunicação social internacional, à supressão propositada de qualquer argumento, hipótese, ou dados que coloquem em causa a “tese do CO2” e, curiosamente, a uma repressão e crítica odiosa por parte dos “crentes” dessa mesma tese. Se o que referi não for suficiente para instilar as mais altas suspeitas no espírito científico em que fomos formados, o que confesso ser no mínimo estranho, tinha por garantido que o cortejo de políticos em defesa de medidas urgentes para combater a “crise climática” o seria. É que, para além da descrença generalizada na política de que a maioria da população se queixa, dá-se o caso de que os políticos que agora abraçam a causa da “Urgência Climática” são precisamente os mesmos que contribuíram para a suposta insustentabilidade do planeta – o próprio Guterres assumiu-o de forma comovente ante Greta Thunberg na Cimeira da ONU, tal qual pecador em busca de redenção.
Em Portugal, Medina, Joacine e outros deputados parecem seguir o exemplo do Secretário Geral e movidos por um fervor adulador, não obstante a diferença de idade que os separa, não perderam a oportunidade de pedir a “bênção” a Greta ali mesmo nas docas. Na mesma linha destes políticos mainstream – e de forma acrítica – pululam redacções de jornais e revistas, comentadores, “opinadores” e activistas de sofá. Seja como for, sabe-se que esta tese, com pouca robustez científica dadas as variáveis que deixa por explicar, a qual foi divulgada por Bert Bolin – veja-se lá a ironia da situação – para combater a preocupação relativa ao “arrefecimento global” nos anos setenta, foi, passados mais de quarenta anos, trazida pela terceira vez à luz da ribalta pela própria ONU – uma organização não científica, portanto – (a qual por acaso se encontra em falência) onde tem vindo a ser “cozinhada” desde 1988 com o objectivo de criar um consenso alargado em torno da mesma. E de hipótese fraca – não obstante a sua benignidade e utilidade pública no passado -, vimos a “tese do CO2” a transformar-se recentemente num paradigma científico que não pode ser questionado, isto devido à interferência da política. E como se tal não fosse o suficiente para ferir cientificamente o dito paradigma, assistimos por via da manipulação psicológica de massas, assunto sobre o qual a “mentora” de Greta Thunberg se debruçou na sua tese de doutoramento, ao apadrinhamento da mesma por dirigentes internacionais como Macron e os seus companheiros, tornando-a, por último, no mais fantástico dogma do mundo contemporâneo!
Ora, das elites da civilização mais científica da história da humanidade, ou assim nos querem fazer crer, emerge um dogma inquestionável e, por tal, paradoxalmente anti-científico que, como se não bastasse, vem acoplado – espantemo-nos – a um pacote político de caráter internacional e ideológico que, claro está, quer modificar e restringir os nossos comportamentos, hábitos e costumes, bem como obrigar-nos a pagar mais impostos: cem mil milhões de euros do orçamento comunitário por ano em nome da “salvação do planeta” diz-nos Von der Leyen. Por tudo o que expus, e tendo em conta que o clima é por natureza inconstante, a aceitação e credo nesta “urgência climática” relembra-me o comportamento das seitas milenaristas do fim do mundo e as famosas doações, ou dízimas, que asseguram a salvação – já não no céu mas na terra.
Mas no final, no final disto tudo, o que penso encontrar-se em jogo é mesmo e somente a criação e controlo de um novo mercado energético que tenha a capacidade de destronar ou, pelo menos, concorrer fortemente com o monopólio energético do petróleo. Mercado emergente esse que encontrou uma forma muito inteligente de ser financiado pelos dinheiros públicos europeus e, ainda, de nos obrigar a comprar os seus produtos garantindo a sua sustentabilidade económica. Isto, só por si, chateia-me profundamente. Mas a minha verdadeira preocupação é que a par da restrição da nossa liberdade de acção e, no meu caso em particular, de me ver obrigado a pagar a dízima a uma seita na qual não acredito, é possível antever-se que este novo mercado artificialmente criado por via de acordos intergovernamentais, os quais são secundarizados por interesses corporativistas e empresariais, está a ser fabricado de modo a introduzir uma planificação económica naquele que é um sector chave da economia mundial com um impacto negativo no mercado livre – principal garante do nosso bem-estar e liberdades actuais – por via da já conhecida promiscuidade progressista que se estabeleceu entre o estado e as grandes corporações.
Nada disto tem, então, que ver com o clima ou com o ambiente… Para reforçar esta última ideia: Que a exploração do lítio seja poluente e que a industrialização dos automóveis eléctricos nos trará graves problemas no futuro devido ao elevado risco de contaminação das suas baterias, poucos ou nenhuns falam; Que as indústrias da China e da Índia sejam uma importante fonte de poluição do planeta, poucos ou nenhuns falam; Que o problema do crescimento populacional resida no continente africano e no asiático, bem como uma importante parte da poluição dos plásticos, poucos ou nenhuns falam; Que o desgaste dos solos, a falta de retenção de água e a desflorestação constituam um dos principais problemas do território português, poucos ou nenhuns falam – quanto mais agir. Que o “Green Deal” seja uma grande negociata com implicações financeira, culturais e ideológicas, poucos ou nenhuns falam. Ou seja, tanto as hipóteses que concorrem com a “tese do CO2” para explicar o fenómeno do aquecimento global, como as preocupações enunciadas, são totalmente sonegadas e reprimidas por parte da comunicação social e dos “crentes”, esses a quem dei o nome de “apanhados do clima”.
No entanto, e para ser polido, dado o jugo a que me vão – nos vão – submeter, reconsiderei o termo e afirmo: são mesmo idiotas, uma cambada de idiotas úteis ao serviço do coartar da nossa liberdade e da grande planificação do capital. O clima e o ambiente? Esses são assuntos em que não se quer pensar e que se evitam debater.
Pedro Augusto Martins
Fundador do Círculo Conservador Português
8 de Dezembro de 2019