Tudo começou com um texto de opinião de Daniel Oliveira, em que o comentador crítica a personalização na forma de fazer política. “Joacine tem sido atacada de forma abjeta. Por ser negra e assumir que isso é relevante. E a sua gaguez foi usada como motivo de escárnio. Mas é ela que escolhe a sua própria narrativa política. Ao decidir escrever um texto sobre a sua gaguez e ao desdobrar-se em declarações sobre si mesma, escolheu desviar as atenções da política”, escreveu no Expresso.

“A conversão súbita do Livre à agenda identitária — onde está o partido de Rui Tavares? — apanhou-o impreparado. Os seus protagonistas correm desembestados e sem direção política por um campo de minas. Até cada exibição gratuita de experiências pessoais se transformar em bandeiras vazias de reivindicações políticas. Até o tempo que a gaguez precisa no regimento e a indumentária de um assessor se transformarem no que sobra do que devia ser uma luta emancipatória. Tudo demasiado pessoal.” acrescenta Daniel Oliveira.

Foi este texto, partilhado no Twitter, que originou uma troca de comentários entre Joacine Katar-Moreira e o comentador político, que chegou a apoiar o Livre. A nova deputada veio dizer que a postura de Daniel Oliveira “mascarada de bom senso”, não tem sido diferente da de “associados da direita e sua extrema”.

Entao têm de explicar isso à Joacine e ao Rafael: a gorma como se comunica determina o que é tema. Nao esperam ir ao Goucha falar de saias e fazer um comunicado sobre o aeroporto e que o tema seja o comunicado, pois não?— Daniel Oliveira (@danielolivalx) November 1, 2019

Daniel, a sua postura, embora mais polida e mascarada de bom senso, não tem sido muito diferente da de muitos associados à direita e sua extrema na procura de descredibilização constante do LIVRE e da minha escolha como cabeça de lista. Deixei de ler o que escreve sobre o LIVRE.— Joacine Katar-Moreira (@KatarMoreira) 1 de novembro de 2019

Depois deste Tweet, Joacine sublinha que a sua resposta não foi imediatismo das redes nem amadorismo, e reitera a afirmação. O que gera uma indignação de Daniel Oliveira, que sublinha que a “política não se divide entre os que estão por si e contra si. Muito menos a fronteira com a direita e a extrema-direita”.

Portanto compara-me mesmo à extrema-direita. Talvez desfocar-se um bocadinho de si mesma ajude a ganhar perspetiva, mesmo quando discorda das críticas. A política não se divide entre os que estão por si e contra si. Muito menos a fronteira com a direita e a extrema-direita.— Daniel Oliveira (@danielolivalx) 1 de novembro de 2019

Começou por dizer q não elegeríamos porque a minha escolha era um tiro no pé. Falhou. Conseguimos eleger e agora diz que não temos direção e estamos numa deriva. Faz artigos em que basicamente me responsabiliza pelo racismo e ódio de que tenho sido alvo e não quer que pessoalize?— Joacine Katar-Moreira (@KatarMoreira) 1 de novembro de 2019

Escrevi que teriam dificuldade em eleger por causa do contexto e por o Rui não ser candidato. Não a responsabilizei por ódio nenhum. Responsabilizo-a por coisas como as que aqui escreveu sobre mim, que tornam evidente uma absurda necessidade de polarização em torno sempre de si.— Daniel Oliveira (@danielolivalx) 1 de novembro de 2019

No final, a jornalista ex-namorada de José Sócrates, Fernanda Câncio, juntou-se à conversa para pedir à Joacine para “respirar fundo”.

eh pá. e respirar fundo? dá para não usar o lança-chamas sempre? agora quem a critica é extrema-direita?— fcancio (@fcancio) November 1, 2019

2 de Novembro de 2019