A revelação do Deus-Menino, na manjedoura em trono humilde, foi dada a todo o mundo, mas as nações, quais reis-magos de bandeira e hino, homenageiam Nosso Senhor pelos afagos genéticos de cada pátria. O Natal é universal, mas multiforme para lá das fronteiras.
O Natal Português é nosso, só nosso, único, com alfinete genuíno ao peito. Historicamente, até ao século XIX, o Presépio ocupava o coração comemorativo dos portugueses, mas a companhia da árvore natalícia, costume germânico, chegou pelas mãos do rei consorte D. Fernando II, segundo marido de D. Maria II. Era um monarca de alentos criativos, da dinastia das artes. Na arte, há inverno no sangue social, a hierarquia desaba. Como qualquer homem de inspirações, era coroado de terna nostalgia e o quadro familiar do seu Natal infantil, inserido na educação alemã, levou-o a erguer um pinheiro nórdico no Palácio da Pena.

O postal natalício do nosso país não se confina à universalidade simbólica do Presépio e da árvore. As línguas portuguesas, passadeiras vermelhas de bom paladar, saboreiam o Natal como infantes de guloseima à mão. Rabanadas, sonhos, arroz doce, filhoses, bacalhau e couve portuguesa. Ainda temos o casamento real enfarinhado: Bolo Rei e Bolo Rainha.
O galo também canta em Portugal. Da meia noite de 24 para 25 de Dezembro o povo português, tão amante que é de Jesus Cristo, Aniversariante Sagrado, celebra a Missa do Galo, perpetuada no anúncio atemporal do azeite mais consumido no nosso país. Cada região nacional, nos genes da sua medula terrena, festeja com tradições distintas, como é o caso do Magusto da Velha (que já abordamos nesta rubrica, Beira Alta), os Caretos de Ousilhão (Trás-os-Montes), o Bananeiro de Braga (Minho), entre muitas outras.

O Natal é do mundo porque o mundo é de Jesus Cristo, mas também é português porque Portugal é do mundo. Desejo a todos os leitores de Notícias Viriato um Santo e Feliz Natal, para além de um Próspero Ano Novo.
Francisco Paixão

25 de Dezembro de 2019