Em tempos há já muito passados, a recusa de ter qualquer interação com outrem baseada na cor da sua pele, ou a insistência em o tratar de maneira diferente pelo mesmo motivo, fosse por pensamentos ou palavras, atos ou omissões, era considerado como sendo racismo. O racismo era então definido como a atitude que enfatizava uma diferença superficial—a raça de outrem—sobre uma semelhança radical—a nossa humanidade comum.

Uma das figuras mais icónicas a chamar a atenção para a insanidade do racismo e a combater a sua ação corruptora na natureza humana foi, sem dúvida, Martin Luther King, Jr. (1929—1968). E como combateu ele o racismo em geral, e um número de várias políticas racistas concretas? Sempre baseado em princípios universais, especialmente os do direito natural, nunca usando narrativas de agravos passados nem de queixas tribais atuais. Afirmando, sempre, a sua convicção de que somos todos antes de mais nada seres humanos, não membros de uma raça, de uma igreja, de um partido ou de um club.

Se há algo que distingue as pessoas, defendia King, não é a cor da pele, nem a pertença a qualquer outro grupo, mas o conteúdo do seu caráter. Assim, disse um dia que “supremacia preta é tão perigosa como supremacia branca, e Deus não se interessa apenas pela liberdade de homens pretos, de homens morenos e de homens amarelos. Deus está interessado na liberdade de toda a raça humana e na criação de uma sociedade onde todos os homens possam viver juntos como irmãos, e todos os homens respeitem a dignidade e o valor que há em toda a pessoa humana.”

Esta visão é agora considerada, pelos novos ‘ativistas’, ‘injustiça estrutural’ & ‘racismo estrutural’. Agora, dizem-nos, o que é preciso é reparar na cor da pele. Agora, gritam-nos, o que é preciso é ter consciência da raça de pertença. Agora, ensinam-nos na escola, o que é preciso é fechar os olhos para o caráter dos outros e abri-los para a tez da sua derme, para desculpar tudo a uns, e não perdoar nada a outros.

Qual é a diferença desta posição com aquelas defendidas por Adolf Hitler (1889—1945) e Margaret Sanger (1879—1966) e outros racistas do nosso passado? A diferença principal está que, enquanto para estes só algumas vidas brancas interessavam, agora, para os racistas do nosso presente, o que é relevante é que só algumas vidas pretas lhes interessam. Uma diferença secundária é que, enquanto os primeiros aceitavam que a distinção entre pessoas baseada na raça é racismo, os segundos insistem que só fixando-nos na cor da pele é que poderemos não ser racistas. Se estas são as duas diferenças entre uns e outros, o que é que os une? A sua insistência comum na primazia da cor da pele para o ordenamento social, político e económico.

Dizia MLK: “Que nunca fiquemos satisfeitos até aquele dia em quem ninguém gritará ‘Poder Branco!’, em que ninguém gritará ‘Poder Preto!’, mas em que todos falarão no poder de Deus e no poder humano.”

Amém.

José Miguel Pinto dos Santos

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