Tradução, na íntegra, do artigo do jornalista Glenn Greenwald sobre o conluio entre grandes corporações tecnológicas para censurarem a rede social alternativa Parler.



Nos últimos três meses, os gigantes da tecnologia censuraram o discurso político e o jornalismo para manipular a política dos EUA, enquanto os liberais de esquerda, com unanimidade virtual, aplaudiram.

Os críticos da censura imposta pelo Silicon Valley ouviram, durante anos, o mesmo refrão: plataformas tecnológicas como o Facebook, Google e Twitter são empresas privadas e podem acolher ou proibir quem quiserem. Se não gostam do que eles estão a fazer, a solução não é andarem a queixar-se ou a tentar regulamentá-los. Em vez disso, vá criar a sua própria redes social que funcione da forma que pensa que deveria funcionar.

Os fundadores da Parler ouviram essa sugestão e tentaram. Em Agosto de 2018, criaram uma rede social semelhante ao Twitter, mas que prometia muito mais protecção da privacidade, incluindo a recusa de agregar dados dos utilizadores a fim de os rentabilizar aos anunciantes ou avaliar algoritmicamente os seus interesses, a fim de promover conteúdos ou produtos para eles. Prometeram também direitos de liberdade de expressão muito maiores, rejeitando o policiamento cada vez mais repressivo do conteúdo, imposto pelos gigantes de Silicon Valley.

Os utilizadores da rede social Parler depararam-se com esta mensagem de erro a partir de 11 de Janeiro de 2021, depois da Apple, Google e Amazon se terem unido para os remover das lojas de aplicações e serviços de alojamento.

Durante o último ano, a Parler teve imenso sucesso. Milhões de pessoas que se opuseram à crescente repressão do discurso, ou que tinham sido elas mesmas sido banidas das grandes plataformas, inscreveram-se na nova empresa de redes sociais.

À medida que a censura de Silicon Valley se intensificou radicalmente nos últimos meses – censurando a reportagem pré-eleitoral do The New York Post sobre a família Biden, denunciando e apagando várias publicações do Presidente dos EUA até lhe retirar o acesso à conta, e removendo em massa perfis de direita – tanta gente migrou para Parler que esta foi catapultada para o primeiro lugar da lista das aplicações mais descarregadas na Apple Play Store, o único e exclusivo meio que os utilizadores de iPhone têm para descarregar aplicações. “Globalmente, a Parler foi a 10ª aplicação de redes sociais mais descarregada em 2020 com 8,1 milhões de novas instalações”, relatou a TechCrunch.

Parecia que o Parler tinha provado que os críticos do poder monopolista de Silicon Valley estavam errados. O seu sucesso mostrou que afinal era possível criar uma nova plataforma de redes sociais para competir com o Facebook, Instagram e Twitter. E fizeram-no levando a cabo exactamente aquilo que os defensores do Silicon Valley há muito insistiram que devia ser feito: se não gostas das regras impostas pelos gigantes tecnológicos, cria a tua própria plataforma com regras diferentes.

Lista das aplicações mais descarregadas na Apple Store, 8 de Janeiro de 2021.

Mas hoje, se quiser descarregar, inscrever-se ou utilizar o Parler, não poderá fazê-lo. Isto porque três monopólios de Silicon Valley – Amazon, Google e Apple – uniram-se abruptamente para remover o Parler da Internet, exactamente no momento em que este se tornou a aplicação mais descarregada do país.

Se alguém estiver à procura de provas que demonstrem que estes gigantes da tecnologia são, de facto, monopólios que se envolvem em comportamentos anti-concorrenciais em violação das leis antitrust, e que irão obliterar qualquer tentativa de competição no mercado, seria difícil imaginar algo mais convincente do que a forma singela como usaram o seu poder, sem restrições, para destruir completamente um concorrente em ascensão.

O ataque unido de Silicon Valley começou a 8 de Janeiro, quando a Apple enviou um e-mail à Parler e deu-lhes 24 horas para provar que tinham mudado as suas práticas de moderação, ou seriam retirados da sua App Store. A carta dizia: “Recebemos numerosas queixas relativas ao conteúdo censurável no seu serviço Parler, acusações de que a aplicação Parler foi utilizada para planear, coordenar e facilitar as actividades ilegais em Washington D.C. a 6 de Janeiro de 2021 que levaram (entre outras coisas) à perda de vidas, numerosos feridos e à destruição de bens”. Terminou com este aviso:

“Para assegurar que não há interrupção da disponibilidade da sua aplicação na App Store, por favor apresente uma actualização e o plano de melhoria da moderação solicitado no prazo de 24 horas a partir da data da presente mensagem. Se não recebermos uma actualização em conformidade com as Directrizes de Revisão da App Store e o plano de melhoria da moderação solicitado por escrito no prazo de 24 horas, a sua aplicação será removida da App Store.”

A carta de 24 horas era um pretexto óbvio e puramente performativo. A remoção era um facto consumado, independentemente do que o Parler fizesse. Para começar, a carta foi imediatamente divulgada ao Buzzfeed, que a publicou na íntegra. Um executivo do Parler detalhou as tentativas infrutíferas da empresa para comunicar com a Apple. “Basicamente, eles fizeram-nos ghosting (desaparecer sem dar resposta)”, disse-me ele. No dia seguinte, a Apple notificou o Parler da sua remoção da App Store. “Não vamos distribuir aplicações que apresentem conteúdos perigosos e prejudiciais”, disse a empresa mais rica do mundo, e assim: “Rejeitamos a partir de agora a sua aplicação na App Store”.

São inconcebíveis os danos que se causam a uma plataforma ao removê-la da App Store. Os utilizadores de iPhones estão impedidos de descarregar aplicações para os seus dispositivos a partir da Internet. Se uma aplicação não estiver na App Store, não pode ser utilizada no iPhone. Mesmo os utilizadores de iPhones que já descarregaram a Parler perderão a capacidade de receber actualizações, o que em breve tornará a plataforma tão inoperável quanto insegura.

Em Outubro, a Subcomissão Judiciária da Câmara sobre Direito Antitrust, Comercial e Administrativo emitiu um relatório de 425 páginas concluindo que a Amazon, Apple, Facebook e Google possuem todos poder de monopólio e estão a utilizar esse poder de forma anti-competitiva. Para a Apple, eles enfatizaram o controlo da empresa sobre iPhones através do seu controlo de acesso à App Store. Como disse a Ars Technica ao destacar as principais conclusões do relatório:

“A Apple controla cerca de 45% do mercado norte-americano de smartphones e 20% do mercado mundial de smartphones, segundo averiguou o comité, e prevê-se que chegará aos 2 mil milhões de iPhones vendidos em 2021. É correcto afirmar que, no mercado dos telefones inteligentes, a Apple não é um monopólio. Ao invés, o iOS e o Android detêm efectivamente um duopólio de sistemas operativos móveis.

No entanto, o relatório conclui que a Apple tem um monopólio sobre o que se pode fazer com um iPhone. Só se pode colocar aplicações no seu telefone através da Apple App Store, e a Apple tem controlo total sobre essa App Store – é por isso que a Epic está a processar a empresa.

O comité encontrou documentos internos a mostrar que a liderança da empresa, incluindo o antigo CEO Steve Jobs, “reconheceu que a exigência do IAP asfixiaria a concorrência e limitaria as aplicações disponíveis para os clientes da Apple”. O relatório conclui que a Apple também utilizou injustamente o seu controlo sobre APIs, classificações de pesquisa, e aplicações padrão para limitar o acesso dos concorrentes aos utilizadores do iPhone.”

Pouco tempo depois, o Parler soube que a Google, sem aviso prévio, também a tinha “suspenso” da sua Play Store, limitando severamente a capacidade dos utilizadores de descarregar a Parler para telefones Android. Esta acção da Google também significava que aqueles que utilizassem a Parler nos seus telefones Android deixariam de receber as funcionalidades e actualizações de segurança necessárias.

Foi precisamente o abuso do poder da Google, para controlar o seu dispositivo de aplicações, que esteve em causa “quando a Comissão Europeia considerou a Google LLC como a empresa dominante, em lojas de aplicações para o sistema operativo móvel Android (i.e. Google Play Store), e obrigou o gigante da pesquisa e publicidade online a pagar uma multa de 4,34 mil milhões de euros, pelas suas práticas anti-competitivas com vista a reforçar a sua posição em vários outros mercados, através do domínio que exercia no mercado das lojas de aplicações”.

Um dia depois da Apple e Google se unirem contra a Parler, a Amazon deu o golpe fatal. A empresa fundada e dirigida pelo homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, usou linguagem praticamente idêntica à da Apple para informar o Parler de que o seu serviço de alojamento web (AWS) não permitiria mais o Parler desfrutar dos seus serviços AWS para alojar o seu site: “Pois, a Parler não pode cumprir os nossos termos de serviço e representa um risco muito real para a segurança pública, planeamos suspender a conta do Parler a partir de Domingo, 10 de Janeiro, às 23:59 PST”. E porque a Amazon é uma força tão dominante no alojamento web, o Parler não encontrou até agora um serviço de alojamento para a sua plataforma, razão pela qual desapareceu não só das lojas de aplicações e dos telefones, mas também da Internet.

Na Quinta-feira, a Parler foi a aplicação mais popular nos Estados Unidos. Na segunda-feira, três dos quatro monopólios do Silicon Valley uniram-se para a destruir.

Com virtual unanimidade, figuras notáveis da esquerda liberal dos EUA celebraram este uso do poder monopolístico de Silicon Valley para encerrar o Parler, tal como aplaudiram esmagadoramente duas medidas anteriores de extraordinária imposição do poder tecnológico com vista a controlar o discurso político nos EUA: a censura do The New York Post sobre o conteúdo do portátil de Hunter Biden e a censura do Presidente dos EUA das grandes plataformas. Na verdade, seria difícil encontrar um único político liberal-esquerdista desta nação que expressasse preocupações sobre qualquer um destes aspectos, quanto mais opor-se a eles.

Não só os principais políticos de esquerda não se opuseram como alguns deles foram os que suplicaram a Silicon Valley para que usasse o seu poder desta maneira. Depois do site de policiamento da Internet, o Sleeping Giants, ter assinalado várias publicações na Parler que apelavam à violência, Alexandria Ocasio-Cortez perguntou: “O que estão a @Apple e a @GooglePlay a fazer quanto a isto?”. Uma vez que a Apple respondeu, retirando a Parler da sua App Store – uma acção que os democratas da Câmara, apenas três meses antes, alertaram ser um comportamento anti-trust perigoso – ela elogiou a Apple e depois exigiu saber: “É bom ver este desenvolvimento por parte da @Apple. @GooglePlay, o que vão fazer em relação às aplicações que estão a ser utilizadas, na sua plataforma, para organizar violência”?

A colunista da esquerda-liberal do New York Times, Michelle Goldberg, declarou-se “perturbada com o quão impressionante é o poder [dos gigantes da tecnologia]” e acrescentou que “é perigoso ter um punhado de jovens imaturos como titãs da tecnologia, com o poder de decidir quem tem um megafone e de quem não tem”. Não obstante, elogiou estes “jovens titãs tecnológicos” por usarem o seu poder “perigoso” para proibir Trump e destruir o Parler. Por outras palavras, os liberais como Goldberg estão apenas preocupados com o facto de os poderes de censura do Silicon Valley poderem um dia ser usados contra pessoas como eles, mas estão perfeitamente felizes desde que os seus adversários sejam banidos e silenciados (há anos que o Facebook e outras plataformas proíbem pessoas marginalizadas como os palestinianos por ordem de Israel, mas isso não preocupa a esquerda liberal dos EUA).

Isto porque o pendor dominante do esquerdo-liberalismo americano não é o socialismo económico, mas sim o autoritarismo político. Os liberais querem agora usar a força do poder corporativo para silenciar aqueles que têm ideologias diferentes. Estão ansiosos por monopólios tecnológicos não só para proibir contas de que não gostam, mas também para remover plataformas inteiras da Internet. Querem prender pessoas que acreditam ter ajudado o seu partido a perder eleições, tais como Julian Assange, mesmo que isso signifique criar precedentes para criminalizar o jornalismo.

Líderes mundiais condenaram em viva voz o poder que Silicon Valley granjeou para policiar o discurso político, e ficaram particularmente indignados com a proscrição do Presidente dos EUA. A Chanceler alemã Angela Merkel, vários ministros franceses, e especialmente o Presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador denunciaram todos a censura de Trump e outros actos de discriminação por parte dos monopólios tecnológicos, com o fundamento de que estavam a ungir-se a si próprios como “uma potência mediática mundial”. Os avisos de López Obrador foram particularmente eloquentes:

Mesmo a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis) – que de uma organização de liberdades civis rapidamente se transformou num grupo activista esquerdo-liberal desde a eleição de Trump – considerou que a imposição de poder por parte de Silicon Valley, com vista a destruir o Parler, foi profundamente alarmante. Um dos defensores das liberdades cívicas mais firmes dessa organização, o advogado Ben Wizner, disse ao The New York Times que a destruição do Parler era mais “preocupante” do que a eliminação de publicações ou contas inteiras: “Penso que devemos reconhecer a importância da neutralidade quando falamos da infra-estructura da Internet”.

No entanto, os esquerdo-liberais americanos ansiaram por este autoritarismo. E agora apelam à utilização das medidas mais repressivas da “Guerra contra o Terrorismo” contra os seus opositores domésticos. Na Terça-feira, o Presidente da Segurança Interna da Câmara, Bennie Thompson (D-MS), exortou para que os Senadores Republicanos Ted Cruz e Josh Hawley “sejam colocados na lista de interdição de voo”, enquanto o The Wall Street Journal noticiou que “Biden disse que planeia fazer a aprovação de uma lei contra o terrorismo doméstico como uma prioridade, e foi instado a criar um posto da Casa Branca para supervisionar a luta contra os extremistas violentos de inspiração ideológica e a aumentar o financiamento para os combater”.

Muito deste apoio esquerdo-liberal à tentativa de destruição do Parler é baseado na total ignorância sobre essa plataforma, e sobre os princípios básicos da liberdade de expressão. Ficaria muito surpreendido se mais do que uma pequena fracção de liberais que aplaudem a retirada do Parler da Internet alguma vez utilizassem a plataforma ou soubessem algo sobre ela, para além dos trechos que lhes foram mostrados por aqueles que procuram justificar a sua destruição e retratá-la como um qualquer reduto neo-nazi.

O Parler não foi fundadaO, nem é geridO, por apoiantes pró-Trump, MAGA. A plataforma foi criada com base em valores libertários de privacidade, anti-vigilância, recolha de dados, e liberdade de expressão. Os seus principais executivos estão mais associados à política de Ron Paul e do Instituto CATO do que a de Steve Bannon ou da família Trump. Um deles é um republicano do movimento “Never Trump”, enquanto outro é o antigo director de campanha de Ron Paul e Rand Paul. Entre as poucas figuras filiadas no MAGA está Dan Bongino, um investidor. Um dos principais investidores originais foi Rebekah Mercer.

A concepção da plataforma destina-se a promover a privacidade e a liberdade de expressão, não uma ideologia particular. Minimizam a quantidade de dados que recolhem sobre os utilizadores para impedir a monetização dos anunciantes ou a segmentação algoritmica. Ao contrário do Facebook e do Twitter, não avaliam as preferências de um utilizador para decidir o que este deve ver. E foram principalmente sustentadas por uma reacção a regras cada vez mais restritivas nas principais plataformas de Silicon Valley relativamente ao que podia e não podia ser dito.

É claro que um grande número de apoiantes do Trump acabou no Parler. Isso não se deve ao facto do Parler ser um mercado pró-Trump, mas porque aqueles se encontram entre as pessoas que foram censuradas pelos monopólios tecnológicos ou que se enfureceram o suficiente com essa censura para procurar refúgio noutro lugar.

É verdade que se pode encontrar mensagens sobre a Parler que explicitamente defendem a violência ou que são de outra forma grotescas. Mas isso é ainda mais verdade no Facebook, no Twitter, e no YouTube, propriedade da Google. E ao contrário do que muitos têm sido levados a acreditar, os Termos de Serviço do Parler incluem uma proibição de defesa explícita da violência, e empregam uma equipa de moderadores pagos e treinados que apagam tais publicações. Essas eliminações não acontecem de forma perfeita ou instantânea – e é por isso que se podem encontrar mensagens que violam essas regras – mas o mesmo se aplica a todas as principais plataformas de Silicon Valley.

De facto, um executivo do Parler disse-me que das treze pessoas detidas a partir de segunda-feira, pela invasão do Capitólio, nenhuma parece ser utilizadora activa da Parler. A invasão do Capitólio foi planeada muito mais no Facebook e no YouTube. Como a Recode relatou, enquanto alguns manifestantes participaram tanto no Parler como no Gab, muitas das chamadas para assistir aos acontecimentos no Capitólio foram de vídeos do YouTube, enquanto muitos dos principais planeadores “continuaram a utilizar as plataformas dominantes como o Twitter, Facebook, e YouTube”. O artigo citou Fadi Quran, director de campanha do grupo de direitos humanos Avaaz, dizendo: “Em DC, vimos conspiradores do QAnon e outras milícias que nunca teriam crescido até este tamanho sem serem impulsionados pelo Facebook e Twitter“. 

E isto para não falar do número interminável de hipocrisias, por parte dos gigantes de Silicon Valley, a fingir oposição à retórica violenta ou ao extremismo político. A Amazon, por exemplo, é um dos parceiros mais rentáveis da CIA, com um contrato de 600 milhões de dólares para a prestação de serviços à agência, e constantemente a licitar por mais. No Facebook e no Twitter, encontramos relatos oficiais dos regimes mais repressivos e violentos do mundo, incluindo a Arábia Saudita, e páginas dedicadas à propaganda em nome do regime egípcio. Será que alguém pensa que estes gigantes tecnológicos têm uma preocupação genuína com a violência e o extremismo?

Página oficial do Ministério da Justiça saudita no Facebook.

Então porque é que os políticos e jornalistas democratas se focam no Parler e não no Facebook e no YouTube? Porque é que a Amazon, a Google e a Apple fizeram esta exibição histriónica de retirar a Parler da Internet, deixando plataformas muito maiores, com muito mais extremismo e apologia da violência a fluir diariamente?

Em parte é porque estes gigantes de Silicon Valley – Google, Facebook, Amazon, Apple – doam enormes somas de dinheiro ao Partido Democrata e aos seus líderes, por isso é claro que os democratas os vão aplaudir em vez de apelarem à punição ou à sua remoção da Internet. Parte disso deve-se ao facto do Parler ser um alvo muito mais fácil para tentar destruir do que o Facebook ou a Google. E em parte é porque os democratas estão prestes a controlar o Poder Executivo e ambas as casas do Congresso, deixando os gigantes de Silicon Valley ansiosos por lhes agradar, silenciando os seus adversários. Este corrupto motivo foi deixado expressamente claro por Jennifer Palmieri, uma operacional de longa data de Clinton:

A natureza do poder monopolista consiste em entidades anti-concorrenciais envolvem-se em ilegalidades anti-trust para destruir os concorrentes em ascensão. O Parler é erroneamente associado a uma determinada ideologia política. É uma plataforma pequena e nova o suficiente para que possa ser transformada num exemplo. A sua cabeça pode ser colocada num espeto para deixar claro que não é possível qualquer tentativa de competir com os monopólios existentes de Silicon Valley. E a sua destruição preserva o poder incontestável de um pequeno punhado de oligarcas da tecnologia sobre o discurso político, não só dos Estados Unidos, mas de democracias de todo o mundo (razão pela qual a Alemanha, França e México levantam as suas vozes em protesto).

Nenhum autoritário acredita que seja autoritário. Por mais repressivas que sejam as medidas que apoiam – censura, poder monopolista, listas de proibição de voo para cidadãos americanos sem o devido processo – dizem a si próprios que aqueles que estão a silenciar e a atacar são tão maus, são terroristas, que qualquer coisa feita contra eles é nobre e benevolente, não despótica e repressiva. É assim que os esquerdo-liberais americanos pensam actualmente, pois dão força ao controlo dos monopólios de Silicon Valley sobre as nossas vidas políticas, exemplificado pela destruição, pela calada da noite, de um novo e popular concorrente.