A notícia publicada no dia 9 de Janeiro de 2020 no site Notícias Viriato, intitulada «”Rapazes Ciganos” Alegadamente Responsáveis pelo Assassínio do Cabo-Verdiano Luís Giovani», tendo como fonte a informação do blogue “Do Portugal Profundo”, do professor António Balbino Caldeira, está errada.

Confirma-se agora, através das recentes informações providenciadas pelas autoridades competentes e forças policiais envolvidas, de que a morte do estudante Luís Giovani dos Campos Rodrigues, vítima de bárbara agressão no dia 20 de Dezembro de 2019, em Bragança, não tenha sido da responsabilidade de “rapazes ciganos”.

Nunca foi a nossa intenção publicar informação errada e, por isso, lamentamos a perturbação gerada e pedimos as mais profundas desculpas aos visados e aos leitores.

Involutariamente, fomos induzidos em erro, na replicação da notícia original, no dia 8 de Janeiro de 2020, com origem no blogue “Do Portugal Profundo” – com posterior confirmação pessoal do seu autor, António Caldeira. Este mesmo facto e este mesmo erro ocorreu, de igual modo, com outros sites, redes sociais e órgãos de informação, envolvendo até conhecidos comentadores a nível nacional. 

António Balbino Caldeira, o autor deste conhecido e reputado blogue informativo, uma referência maior a nível nacional, sempre se pautou pela grande seriedade, verdade e rigor nas notícias, factos e preciosas informações que tem investigado e divulgado ao longo dos últimos anos. Por todo o crédito e admiração que nos merece, depositámos por isso a nossa confiança nesta informação concreta, alicerçados na sua inatacável fiabilidade de dezenas de anos de vida de um trabalho ímpar na defesa e combate ao serviço da Justiça em Portugal. Também ele reconhece que errou, texto que reproduzimos mais abaixo.

O Notícias Viriato partilhou as suas informações e alegações, em nome da confiança depositada no seu autor e no rigor dos factos que dispunha e conhecia na altura, e nada mais.

O Notícias Viriato tem 7 meses de vida e esta foi a nossa primeira partilha de informação errada, e, como tal, fazemos a devida retractação e pedido de desculpas, como iremos fazer sempre que falharmos. 

Iremos continuar o nosso trabalho, tentando melhorar a eficácia da identificação dos processos que possam gerar falhas, assumindo as fraquezas e os erros, mas tentando sempre aprender o máximo e o melhor com todos eles, alinhados na procura pela verdade.


Partilhamos na totalidade a correção e pedido de desculpas de António Caldeira, no “Do Portugal Profundo”:

“Não se confirma que a morte do estudante Luís Giovani dos Campos Rodrigues, após ter sido vítima de bárbara agressão em 20-12-2019, em Bragança, tenha sido causada por um grupo de rapazes ciganos, como neste blogue, eu tinha dito em 8-1-2020, que alegadamente havia ocorrido porque uma fonte credível me havia contado.

Do Portugal Profundo, tenho a maior honra em reconhecer e pedir desculpa aos visados e leitores sempre que erro. Esperei até poder confirmar a informação relativa não apenas aos cinco agressores já detidos, mas também aos outros dez envolvidos na espera e agressão aos quatro estudantes cabo-verdianos. Esta informação em nada muda a posição antirracista deste blogue, afirmada em cada um dos textos que publiquei sobre o assunto. E também não foi pelo erro da origem do homicídio, mas com a justificação absurda de ódio racial que o Facebook, em 9-1-2020, bloqueou e baniu todo o conteúdo do meu blogue: de outro modo, quando um jornal publica uma informação que vem a revelar-se falsa também teria todo o seu conteúdo bloqueado no Facebook e o próprio jornal ser banido dessa rede social. Presumo que a informação errada que divulguei sobre o origem do homicídio de Luís Giovani possa ter provindo da mesma fonte original que também levou ao engano o inspetor Carlos Anjos, comentador de assuntos criminais da CMTV, com quem não falei.

A Polícia Judiciária deteve cinco indivíduos (que fonte da PJ, designou como «núcleo duro» do grupo), que estão já em prisão preventiva, indiciados pela agressão ao jovem cabo-verdiano, dos quais apenas um deles, segundo fonte da PJ ao Observador, de 17-1-2020, «apenas um dos suspeitos tem ascendentes familiares na comunidade cigana, mas que nenhum deles mantém contacto com essa mesma comunidade» e desmentiu motivação racial no homicídio. Creio, no entanto, que é prematuro concluir que se tratou de crime por «motivos fúteis», como fez o diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, em 16-1-2020.

No entanto, aquém do erro sobre a origem do homicídio de Luís Giovani, do que publiquei no meu poste de 8-1-2020, confirma-se que: Os agressores eram cerca de 15 indivíduos em «três grupos armados de cintos, ferros e paus» estavam à espera dos jovens cabo-verdianos, 20 minutos depois do bar fechar (os jovens haviam ficado no interior a conselho da segurança do bar). Segundo me disseram mas não posso confirmar, quem esperava os jovens cabo-verdianos eram os indivíduos que tinham provocado o confronto no bar e cerca de uma dezena de outros que estavam num jantar e que foram chamados para reforço por um dos elementos do grupo. O grupo em causa «é suspeito de outras agressões» (Expresso, de 10-1-2020). Ainda que me digam agora que um dos jovens agredidos anteriormente – e que foi hospitalizado -, alegadamente pelo mesmo grupo, era do Paquistão e não do Bangladesh (como eu disse neste blogue em 8-1-2020). E, alegadamente, insistem que o confronto no bar foi propositadamente provocado no bar Lagoa Azul, não por causa de os jovens cabo-verdianos quererem passar à frente na fila de pagamento, mas pela simulação de ofensa (um rapaz cabo-verdiano, que não era Giovani, ter esbarrado com uma rapariga), seguido de empurrão do «’suposto namorado’» da rapariga, a que o rapaz cabo-verdiano teria respondido com outro empurrão e em seguida levado um soco do «’suposto namorado’» (ver Jornal luso-luxemburguês Contacto, de 3-1-2020). Dizem-me que essa provocação fazia parte do modus operandi do grupo. Mais me dizem que, alegadamente mas não posso confirmar, um dos elementos do grupo agressor teria ido buscar um taco de basebol (fonte do DN, na notícia de 17-1-2020, fala num «pau em forma de moca») ao carro e que esse terá sido o instrumento da «violenta paulada na cabeça» (Contacto, de 8-1-2020) que vitimou o jovem. Depois dessas agressões, Luís Giovani ainda terá corrido umas centenas de metros e veio a desfalecer então. «Fonte judicial» (ou judiciária?) referiu ao DN, de 17-1-2020, que terá ocorrido um segundo conjunto de agressões no local onde o corpo foi encontrado. Esta notícia do DN, de 17-1-2020, menciona «que houve agressões de ambas as partes, do grupo de Giovani e do grupo dos detidos», mas não se percebe deste trecho se isso se refere às primeiras ou a estas referidas segundas agressões.

Recorde-se que, inicialmente, a morte do malogrado Luís Giovani, que ocorreu no Hospital de Santo António, no Porto, em 30-1-2020 (dez dias depois das agressões em Bragança), não foi determinada como resultando das agressões, pois a autópsia foi inconclusiva. Aliás, o infeliz comunicado da PSP de Bragança, em 10-1-2020, referia que a polícia tinha encontrado o Luís Giovani «inanimado e com forte odor a álcool proveniente do vomitado no seu vestuário» (o traumatismo craniano provoca vómito…), o que poderia dar a entender que o jovem, «alcoolizado», teria caído e batido com a cabeça, o que causaria a sua morte.

Note-se ainda que, apesar do choque do crime e do modo brutal como ocorreu, a família de Luís Giovani e a associação de estudantes cabo-verdianos de Bragança distinguiram sempre entre o comportamento do grupo agressor, a forma acolhedora como são tratados no Instituto Politécnico (ali estudam cerca de 1.200 alunos de Cabo Verde) e a comunidade bragantina.”