Os refugiados que frequentam os seus países devastados pela guerra nas férias, correm o risco de serem deportados da Alemanha, pois “férias” significa que já não correm perigo em casa, alertou o Ministro do Interior da Alemanha.
“Os refugiados sírios que passam regularmente férias em casa não podem falar seriamente de perseguição na Síria”, disse Horst Seehofer ao Bild am Sonntag, acrescentando que aqueles que seguem essa lógica “devem ser privados de asilo”.
As autoridades responsáveis pela imigração estão a acompanhar de perto os recentes acontecimentos na Síria, pelo que os “repatriamentos” são efectuados “quando a situação o permite”.
O comentário do Ministro veio a propósito de uma reportagem, que destacou sírios que constantemente visitavam famílias ou parentes nas suas cidades de origem sem relatar estas viagens às autoridades alemãs após o regresso.
Uma vez concedido asilo, um refugiado não é autorizado a viajar para o seu país de origem, sendo as únicas excepções as situações de emergência familiar, como a doença ou a morte de um familiar próximo. Mas um correspondente do Bild – ele próprio um refugiado sírio – descobriu que um número considerável de migrantes consegue enganar o sistema.
Ao trabalhar disfarçado, ele visitou agências de viagem onde lhe foi dito que organizar uma viagem à Síria não é problema. “Só precisas de ter um passaporte sírio ou pedir um ‘certificado de regresso’ numa embaixada síria, nós tratamos do resto”, disse um agente de viagens.
Os “turistas” costumam embarcar num voo directo para o Líbano e a Turquia e depois atravessam para a Síria de autocarro. Voltar para a Alemanha é um pouco mais difícil. O investigador do jornal acredita que os refugiados usam identidades sírias para retornar a um terceiro país, mas apresentam documentos de asilo alemães uma vez na UE.
Vários sírios disseram ao Bild que têm feito isso regularmente para ver os seus filhos ou para encontrarem-se com familiares. A prática está a tornar-se cada vez mais comum desde que Berlim alterou as suas leis relativas aos refugiados, o que dificulta as tentativas dos migrantes de trazerem as suas famílias para a Alemanha.
O Departamento Federal de Migração e Refugiados (BAMF) está ciente de que tal fenómeno existe, mas não tem números exactos.
Um porta-voz da agência disse apenas que cerca de 40.000 sírios foram destituídos do seu estatuto de refugiados este ano. Desde 2015, mais de 780 mil cidadãos sírios chegaram à Alemanha, segundo estatísticas da BAMF.
27 de Agosto de 2019
Fonte:
https://www.rt.com/news/466758-germany-refugees-vacations-deportation/